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Cidades

Doenças ligadas à pobreza, como esquistossomose, preocupam sanitaristas no DF

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A capital federal, que tem o maior nível de renda do país, ainda registra mortes por doenças relacionadas à pobreza. Esquistossomose, desnutrição e tuberculose tiraram a vida de 108 brasilienses nos últimos três anos. Esses males não estão entre os principais causadores de óbitos, mas preocupam as autoridades de saúde. Além de intensificar campanhas para combater doenças com maior letalidade em Brasília, como as cardiovasculares e o câncer, o governo também vai concentrar esforços para eliminar as mortes ligadas à falta de recursos, ausência de falta de infra-estrutura e de saneamento. A construção de redes de água e esgoto em regiões mais pobres, como Pôr-do-Sol e Estrutural, vai melhorar as condições de vida da população e reduzir o número de óbitos.

O sanitarista Luiz Antônio Bueno, da Diretoria de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde, explica que os técnicos fazem investigações sobre as mortes para entender as formas de contágio e aprimorar a prevenção. ;No caso da desnutrição, a maioria das mortes foi em idosos acima de 80 anos. Isso pode estar relacionado a maus-tratos a pessoas dessa faixa etária. Já na tuberculose, a maioria das vítimas tinha o vírus da Aids. Cada uma destas mortes é analisada durante uma apuração epidemiológica;, explica o médico.

Além das doenças cardiovasculares e dos males associados à pobreza, outra preocupação é com as mortes por câncer. Nos últimos três anos, 2.810 brasilienses morreram em decorrência de tumores. É a segunda causa de mortes na capital federal, atrás apenas dos males do sistema circulatório. O câncer de pulmão foi o que mais matou: fez 516 vítimas. Em seguida, vem o tumor de mama, com 391 mortos, e o de estômago, com 341 óbitos.

Para especialistas, os prognósticos não são nada positivos. A tendência é que o número de casos de mortes aumente nos próximos anos, se aproximando do número de óbitos causados por problemas cardiovasculares. Além da maior exposição aos fatores de risco, a estimativa de vida da população está cada vez maior, o que também expõe as pessoas à doença. ;As doenças cardiovasculares estão sendo melhor tratadas e há uma atenção maior com prevenção. Com isso, as pessoas vivem mais e ficam mais expostas aos fatores de risco de aparecimento de câncer;, explica o oncologista Murilo Buso.

Auto-exame
Em alguns casos de tumores, a população de baixa renda registra mais mortes. É o caso do câncer de colo de útero, por exemplo. Sem visitas regulares aos consultórios ginecológicos, a detecção precoce fica impossível, o que aumenta os riscos de morte. O acesso ao sistema de saúde também é preponderante no caso do câncer de mama. ;O auto-exame é importante, mas só é possível reduzir a mortalidade pelo câncer de mama com mamografia. As mulheres precisam fazer exames preventivos e devem ter acesso a este tipo de equipamento para que seja possível a redução de óbitos;, acrescenta o oncologista.

Além do diagnóstico precoce, a qualidade do tratamento também tem forte relação com as chances de cura. ;É preciso tratar direito. Para isso, tem que ter tomógrafo, equipamento de ressonância, enfim, estrutura operacional. Mas muitos pacientes fazem radioterapia em um lugar, quimioterapia em outro, os médicos e cirurgiões não conversam entre si;, critica o oncologista Murilo Buso.

Como nas doenças cardiovasculares, a prevenção é de grande importância para evitar casos de câncer e óbitos pela doença. Cerca de um terço dos tipos de tumores são passíveis de prevenção, especialmente os que atingem o pulmão, o colo de útero e a pele. Respectivamente, bastaria eliminar o fumo, fazer sexo seguro e exames preventivos, além de evitar o excesso de sol. Prevenir o aparecimento de tumores se transformou em uma meta para a psicóloga Fabiana Garcez, 31 anos.

Há três anos, ela lutou para dar apoio à mãe, que descobriu um câncer de mama e fez uma mastectomia radical. No mês passado, a mãe de Fabiana fez uma nova cirurgia para retirar um nódulo na axila. ;Enfrentar o câncer na família revoluciona a vida de uma pessoa. Depois da doença da minha mãe, passei a ter ainda mais atenção com a alimentação e os hábitos saudáveis;, explica Fabiana. ;Também acho essencial cuidar da alma. O câncer tem relação com as mágoas e com os ressentimentos e, por isso, não abro mão da minha psicoterapia;, acrescenta.


Aids em queda na rede pública
A mortalidade por Aids vem caindo no Distrito Federal, no Brasil e no mundo desde 1996, quando foi introduzida a terapia anti-retroviral com combinação de medicamentos no Sistema Único de Saúde. Nos últimos três anos, 276 pessoas morreram após serem infectadas pelo vírus HIV, 63 delas só este ano. De 1990 a 1993, a média anual de mortes era de cerca de 450 no Distrito Federal.

O epidemiologista Jefferson Fernandes Mendes Pereira, especialista em Aids, explica que a principal causa da queda nas mortes pela doença é a mudança no tratamento. ;O número de novos casos tem se mantido estável. No DF, cerca de 350 pessoas são infectadas todos os anos. O que temos é uma redução no número de óbitos;, explica Jefferson.

Diabetes
O diabetes é a quinta causa de morte no Distrito Federal. Até 1; de outubro de 2008, 1.036 pessoas morreram por causa de complicações da doença. Esse é o número oficial, mas a coordenadora do Programa de Educação e Controle da Diabetes da Secretaria de Saúde, Hermelinda Pedrosa, diz que a quantidade de óbitos é muito superior. Cerca de 120 mil brasilienses têm diabetes. A maioria não faz o controle correto da doença e acaba sofrendo com complicações. ;Temos no Brasil um problema muito grave de sub-registro do diabetes. Muitas vezes, não se coloca o diabetes como causa principal da morte;, explica Hermelinda.

A resistência à insulina é uma grande preocupação dos médicos porque pode evoluir para doenças cardiovasculares. O paciente com diabetes tem processo de enrijecimento arterial mais rápido e está associado a três condições que aumentam muito o risco de mortes: a dislipidemia, a obesidade e a hipertensão. Conhecida como doença silenciosa, o diabetes tem, na maioria dos casos, detecção tardia. ;A doença não começa com o diagnóstico. Quando o paciente descobre que tem diabetes, normalmente já se passaram muitos anos. O diabetes devasta a pessoa silenciosamente;, explica Hermelinda.