Além do trânsito lento, quem resolveu antecipar as visitas e fugir do tumulto do Dia de Finados, enfrentou a falta de água no Campo da Esperança, na 916 Sul. Familiares que precisaram limpar as lápides e regar as plantas tiveram dificuldades para encontrar água em alguns pontos do cemitério.
Há seis meses, a água usada pela Associação dos Jardineiros foi cortada. O motivo foi a falta de pagamento, desde 2002. A dívida chega a R$ 5 milhões com a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb). "É uma questão judicial que nada tem a ver com a administração do Campo da Esperança", esclareceu o coronel Edson Lima, coordenador da Comissão Executiva de Assuntos Funerários da Secretaria de Justiça do DF.
Mesmo assim, a administração do cemitério garante que a água não faltará. Além das torneiras perto das capelas, serão disponibilizados caminhões-pipa fornecidos pela Caesb e ainda tanques com água potável. "A falta de água ocorre nos pontos da Associação dos Jardineiros e não nos pontos do cemitérios", completou Edson Lima. Além dos banheiros coletivos, serão instalados banheiros químicos em todos os cemitérios. A segurança também será reforçada. Homens do Corpo de Bombeiros e da Policia Militar farão atendimento durante todo o dia de domingo para garantir a segurança e a fluidez no trânsito de veículos nos arredores dos cemitérios.
Para evitar aborrecimentos, a servidora pública Paula Jacobson, 32 anos, compareceu ao cemitério prevenida. Apesar de pagar a taxa anual de manutenção do túmulo da mãe, Namir Jacobson (1951-2007), Paula não dispensou as garrafas de água levadas de casa para limpar as lápides. "Eu venho aqui há anos, sempre falta. E não dar para ficar sem. A água tem o poder de purificar o ambiente", acredita a espírita.
Desde o ano passado, as irmãs Vilma Martins Rosa, 54 anos, e Aurora Gomes de Sales, 61 anos, também não deixam de levar água de casa para lavar o túmulo da irmã de 84 anos, que morreu no ano passado, vítima de câncer no fígado. "Não é novidade. Sempre faltou água", avisou Vilma Rosa. Acompanhada de outras quatro irmãs, elas não só limparam o local como prestaram homenagem. "Ela sempre foi uma avó muito vaidosa e alegre. Por isso, trouxemos flores coloridas para ela. Tudo muito alegre", disse Andreza Martins Farias, 24 anos.