Jornal Correio Braziliense

Cidades

Médico é agredido fisicamente por paciente em hospital de Samambaia

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Um médico foi agredido fisicamente por um paciente, por volta das 6h30, desta quinta-feira (30/10) no Hospital Regional de Samambaia (HRS). Newton* Carvalho levou um soco no rosto e três pisadas no tórax, enquanto preenchia o prontuário do rapaz. Com a pancada, ele também chegou a bater a cabeça em uma bancada. Um policial militar - que fica na porta do hospital ; deu voz de prisão ao agressor e o encaminhou a 26ª Delegacia de Polícia (Samambaia), onde a ocorrência foi registrada. O médico está no Instituto Médico Legal (IML), onde faz exames de lesões corporais. Segundo Newton Carvalho o rapaz teria chegado ao hospital gritando e simulando uma crise de convulsão. O paciente também dizia que estava com as mãos contorcendo. Devido a suposta gravidade do paciente, Carvalho contou que o passou na frente das dez pessoas que aguardavam atendimento. ;Ao examiná-lo, percebi que não se tratava de convulsões e, por isso, mediquei ele com um analgésico. Mas, de repente ele levantou começou a gritar novamente e me deu um soco no rosto, bati com a cabeça na bancada do computador e cai no chão, não satisfeito ele pisou por três vezes no meu tórax;, conta. O médico teve o lábio superior cortado e vários hematomas no tórax, além de sentir dores na cabeça. Durante o atendimento, o pai do garoto chegou a afirmar ao médico que o rapaz estava embriagado. De acordo com ele, o filho teria saído com a namorada na noite anterior e quando chegou em casa já de madrugada teria pego uma calça enrolado no pescoço para tentar se matar. Foi quando o responsável o acompanhou até ao hospital. No entanto, o médico afirma que no momento em que o policial deu voz de prisão ao garoto no hospital, ele não apresentou mais nenhuma queixa. ; Das 6h30 (hora que chegaram na delegacia) até agora o rapaz não teve mais nada, crises convulsivas e nem enrolou as mãos. Ele conseguiu responder aos policiais com calma e lucidez todas as perguntas;, argumenta o médico. Para a dona de casa Vera Lúcia Evangelista de Farias, 48 anos, - que acompanhava uma paciente no hospital - o médico apanhou de graça. ;Não foi omissão médica. Todos estavam sendo atendidos normalmente até aquele aloprado todo tatuado ter entrado no hospital. Por causa dele ficamos sem atendimento;, reclama. Vera Lúcia concordou com o médico, ela disse que o rapaz entrou chutando tudo e muito nervoso. ;Parecia que ele estava alcoolizado. É uma injustiça esse médico sempre nos atende muito bem. Ele é humano e muito simples. Sempre procuro vir ao hospital nos dias em que ele está de plantão;, diz. Segundo agentes da 26ª DP (Samambaia) o rapaz foi detido e irá assinar um termo circunstanciado se comprometendo a comparecer em juízo, quando solicitado. ;Porque ele me agrediu eu ainda não sei, se ele tem problemas familiares ou com a namorada a culpa não é minha;, indigna o médico. Insegurança A insegurança vivida pelo médico nesta quinta-feira não se trata de um caso isolado. Newton Carvalho conta que a falta de segurança nos pronto-socorro é uma queixa de todos os profissionais da saúde. ;Temos apenas uma porta que serve de entrada e saída do hospital. Se um sujeito entra com uma caneta no consultório, ele pode até matar uma pessoa;, afirma. Ele, ainda, diz que apenas um policial faz a ronda de todo o hospital, ambulatório, enfermaria, internação e pronto-socorro. ;A função deste policial é mais para registrar ocorrências de pessoas que chegam baleadas ou esfaqueadas e não para nos proteger;. O médico ainda questiona. ;Fala-se muito em qualidade de atendimento a população, a gente tenta dar mas e nós? O que o Governo do Distrito Federal tem feito para proteger seus servidores?;, argumenta. *Nome fictício a pedido do médico