Jornal Correio Braziliense

Cidades

Elefante Chocolate espera há 15 dias transferência para nova casa

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Há quase quinze dias amarrado na carreta do Le Cirque, que transportou o animal de Mato Grosso do Sul para Brasília, o elefante Chocolate aguarda sua mudança para a nova casa. Adaptado pelo Zoológico de Brasília, o antigo lar do jacaré-açu (maior do Brasil) e do jabuti, está pronto desde a última sexta-feira (19/09). O motivo da demora é que o tratador do circo não apareceu para fazer a transferência do bicho. A área de aproximadamente 1,2 mil metros quadrados sofreu reforma para que o animal fosse melhor instalado e com segurança. A água foi trocada, um muro e um portal especial foram construídos, além de uma cerca elétrica. ;O pessoal do circo está querendo sabotar nosso trabalho. Eles enviaram um recado para nós dizendo que a comunicação com só será aceita se for feita pessoalmente;, diz com revolta o coordenador da divisão de fiscalização de fauna do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), Antônio Paulo Ganme. O gerente do Le Cirque, Ricardo Gondor, rebate a afirmação do Zôo. ;Nosso tratador sofreu um acidente e está com atestado médico desde o dia 17 de setembro. O pessoal do zoológico aplicou uma injeção no animal sem nos avisar, ele ficou estressado e acabou pisando no pé do tratador. E só ele lida com os bichos;, explica Gondor. Gondor reclama ainda da demora do Zôo em preparar um local adequado para o animal. ;Há quinze dias ele está preso na carreta. Por que eles não esperaram a nova casa ficar pronta para trazer o animal? Ele estava muito bem em Mato Grosso. O espaço era bom e ele estava sendo bem cuidado;, indaga. O elefante Chocolate e o rinoceronte chegaram em Brasília em 13 de setembro, após um professor de veterinária da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) ter apresentado relatório favorável à transferência dos bichos. O elefante estava com uma das patas machucada e, como o rinoceronte era seu acompanhante de carreta, ele teve que aguardar a melhora do companheiro. Segundo o diretor do Zôo, Raul Gonzáles, caso a Justiça decida pela permanência do animal no Zôo, o espaço ainda sofrerá algumas alterações. Saúde A pata machucada do Chocolate, ainda, não está sarada. ;Se tornou um problema crônico. Primeiro pelo tratamento que recebiam no circo, depois a pata foi machucada por duas vezes no mesmo local, quando os animais foram presos em Belo Horizonte e Campo Grande;, explica Gondor. O elefante também está abaixo do peso. ;Se comparado com os outros elefantes africanos do zoológico que são dois anos mais jovens, ele está pelo menos uma tonelada e meia mais magro;, completa. Os outros elefantes, as girafas e os camelos ganharam peso. Apesar de algumas deficiências físicas que não a permitem andar tranqüilamente, a camelo Xuxa está se recuperando. Os chimpanzés, que ficaram em um santuário em São Paulo, estão em quarentena em uma área isolada, com 500 metros quadrados. Memória O Le Cirque teve o alvará de funcionamento revogado pelo Ministério Público em agosto quando se apresentava em Brasília, após uma vistoria do Ibama constatar que os animais eram vítimas de maus-tratos. Em 12 de agosto, fiscais do órgão apreenderam dois chimpanzés e um hipopótamo, que foram recuperados na Justiça pelo circo. Um laudo detalhado que comprovava o mau tratamento e a Operação Arca de Noé foi preparada, pelo Ibama, para reaver os bichos. Antes, porém, os donos do Le Cirque ficaram sabendo da ação e fugiram com todos os animais na madrugada de 15 de agosto, mas as carretas foram interceptadas em Mato Grosso do Sul.