O banco de leite do Hospital Regional de Taguatinga (HRT) comemora nesta sexta-feira (19/09) 30 anos de amamentação exclusiva com leite humano para os bebês internados na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) Neonatal. De acordo com a diretora-geral de Saúde de Taguatinga, Sônia Salviano, o trabalho é referência na Região Centro-Oeste, na América Latina e em países africanos de língua portuguesa.
"Em nenhum outro local existe uma experiência de tão longa data. Isso desperta a curiosidade de outros países. Frequentemente, recebemos visitas de profissionais que vêm aqui saber como a gente consegue leite para alimentar essas crianças". Ao participar da cerimônia de aniversário do banco de leite, Sônia Salviano lembrou que o estoque alimenta ainda crianças internadas em outros hospitais da rede pública.
Atualmente, 130 mulheres colaboram com a doação de leite humano. Ao todo, 32 mil crianças já foram beneficiadas. Apesar dos altos números, ela lembra que as mães que se dispõem a doar leite são poucas ; não chegam a 3% de todas as que ganham bebê no hospital. A maioria, segundo Sônia, consegue doar em torno de meio litro por semana ; quantidade suficiente para alimentar um bebê por um período de até sete dias.
Sândi Sato, coordenadora do banco de leite do HRT, destacou que faltam campanhas de incentivo para doação de leite materno, além de um comprometimento maior por parte das próprias equipes de saúde. Ela explicou, entretanto, que a partir do momento em que a mãe domina a técnica da coleta do leite, o processo se torna bastante simples. A mulher precisa apenas ser ;criteriosa e cuidadosa; para que o leite coletado não seja contaminado. A estratégia é usar um lenço ou uma touca no cabelo e uma máscara, além de higienizar bem as mãos. As doadoras, muitas vezes, recebem o kit completo, inclusive os vidros esterilizados.
;Há muito receio de faltar para o próprio bebê, mas é importante que ela saiba que nós acompanhamos esse bebê. Para a mãe ser doadora, os critérios são que ela esteja saudável e o bebê também. A partir do momento em que a gente percebe que esse bebê está com déficit de ganho de peso, a gente traz a mãe, faz uma avaliação com a nossa equipe para ver se isso pode estar atrapalhando. É muito difícil acontecer. A gente vê que são outras causas que levam à perda de peso".
Gerlane Fernandes, de 21 anos, é mãe de Giovanna Fernandes, de cinco meses, e uma das doadoras do banco de leite do HRT. Durante a cerimônia, ela lembrou que mesmo antes de o bebê nascer, já tinha o sonho de doar leite aos que mais precisam. ;Para bebês que estão na incubadora e que precisam do leite para sobreviver. É um ato de solidariedade. Não é difícil, é muito bom, fácil. Tem gente que tira com a bombinha mas eu, graças a Deus, não preciso, é só com a mão mesmo. Não é dolorido e é prazeroso porque você está doando para salvar vidas".
Em média, são coletados cerca de 450 litros de leite materno por mês no HRT. A coleta é feita por uma equipe do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal. Basta ligar para o telefone 61 3352-6900 ou 61 3353-1017. O leite doado passa por controle microbiológico no laboratório de processamento e pasteurização.