Jornal Correio Braziliense

Cidades

Escola do Parque corre o risco de fechar as portas

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A Escola Meninos e Meninas do Parque, que funciona há cerca de três anos, no Parque da Cidade, corre o risco de fechar as portas. Uma carta enviada no começo deste ano pela Administração do Parque alerta a escola para desocupar a área, sob a alegação de que o Plano Diretor exige que todos os espaços do local sejam licitados. O projeto atende meninos e meninas de rua que não se adaptam às escolas regulares da rede pública de ensino. Cerca de 65 alunos estão matriculados na unidade de ensino. A diretora da escola, Palmira Eugênia, se reuniu nesta quarta-feira (17/09) com a presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara Legislativa deputada Eurides Brito. "Desenvolvemos um trabalho diferenciado e individualizado com os meninos. O parque é o local ideal para atendermos estas pessoas. Vamos batalhar para continuar lá e legalizar o local", diz confiante a diretora da escola. Até 1995 a escola funcionava no Gran Circular. Mas, as reclamações dos comerciantes do Conic fizeram com que eles fossem despejados. Foi quando a Administração de Brasília concedeu, provisoriamente, um vestiário do Parque da Cidade para o projeto. Com a ajuda de empresas particulares, o espaço foi adaptado e funciona até hoje. "O local é central e perto dos lugares onde os meninos de rua circulam, como a rodoviária e o Cruzeiro", defende a diretora. Mesmo com a afirmativa de Eugênia, a diretora do parque, Joceni Ferreira, é incisiva. "Estamos retomando o estudo do Plano Diretor que já está parado há oito anos na Câmara Legislativa. Ele não contempla uma escola no espaço, então eles vão ter que sair". Ela ainda questiona. "A fundação educacional tem vários locais como a Escola Normal, que está desativada e um lote no Cruzeiro. Por que eles não usam um destes prédios?" A deputada Eurides Brito rebateu a defesa da diretora. "Estamos discutindo a escola, mas não no sentido arquitetônico. Estamos lutando por um espaço educativo para servir de ponto de atração para os alunos que têm repulsa a educação. São meninos que rejeitam as escolas e são rejeitados por ela", explica. Ela ainda esclarece que o projeto é uma intermediação entre os alunos e a escola. "Se mudarmos o endereço do projeto para uma destas escolas, os meninos de rua não vão comparecer", diz. O secretário de Educação do DF, José Luiz Valente, garantiu que a escola só deixará de funcionar no Parque se houver decisão judicial que determine. O projeto Por volta das 7h30 os primeiro alunos começam a chegar na escola. Eles recebem um kit higiene, tomam banho, vestem o uniforme e recebem uma ficha para o café da manhã. Durante o dia, eles assistem aulas de informática, artes plásticas e conteúdos regulares. Os alunos ainda almoçam e recebem um lanche reforçado. Eles deixam o local às 16h30. Antes de serem matriculados, os meninos de rua passam por uma triagem. A escola não tem séries definidas e o planejamento pedagógico é realizado semanalmente pelos professores. Um ônibus - doado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) - passa todos os dias na Rodoviária de Brasília para buscar alguns meninos. A Secretaria de Educação repassa material pedagógico e verba para pequenos consertos. O restante vem de doações de restaurantes, empresas de informática e da comunidade.