Jornal Correio Braziliense

Cidades

Festival de bonecos da Funarte começa hoje

Evento chega à sétima edição com 300 artistas e uma ;cidadela; no Complexo Cultural da Funarte

O universo mágico dos mamulengos, marionetes, cassimiros cocos e outras formas de expressões animadas invade a cidade mais uma vez com a abertura, hoje, da sétima edição do Festival Internacional de Bonecos de Brasília. Até o dia 21, crianças e adultos entrarão em contato, no Complexo Cultural Funarte, com tradições como o reisado, a marajoara, o bordado, além de expressões artísticas de países como México, Venezuela, Argentina, Colômbia, Portugal e Peru.



Brasília será representada por 10 companhias. Quase 300 artistas participam do evento. ;Praticamente triplicamos o tamanho do festival;, festeja Ricardo Moreira, idealizador e coordenador. ;Quando criamos o festival, há sete anos, as apresentações eram no Teatro Dulcina. Foi uma grande surpresa porque, em pouco tempo, o público foi aumentando e logo tivemos que procurar um outro espaço;, lembra.

A grande novidade desta edição é a construção de uma cidadela que abrigará uma série de atrações paralelas voltadas às manifestações de cultura popular, como exposições de fotografias, roupas, cerâmicas, além de rodas de conversas e mostras de gastronomia. O espaço, batizado de Vila Cassimiro Coco, fica entre o Teatro Plínio Marcos e a Administração da Funarte e conta com 15 casas feitas de taipas, construídas pelo grupo do Assentamento São Francisco Formoso (MG), além da Praça das Identidades Culturais, onde se concentrará a maioria das apresentações.

Com isso, os organizadores intensificam na prática a proposta do evento de valorizar artistas ligados a vários pontos culturais do Brasil e do mundo. ;O Festival de Bonecos não é um evento de excelências e sim de ;incelências;;, brinca Moreira. ;Não nós interessam celebridades, mas as manifestações de raiz, o que tem originalidade e tradição.;

Grande no fluxo de atrações, o Festival de Bonecos também cresceu na estrutura física. Além da Vila das Identidades, o evento, anteriormente realizado apenas no Teatro Plínio Marcos e numa tenda alternativa, se amplia para a Sala Cássia Eller e para a Tenda João Redondo, com capacidade para receber aproximadamente 300 pessoas. ;Após as apresentações na Sala Plínio Marcos, um cortejo seguirá até a Praça Cassimiro Coco onde realizaremos ritual de abertura da Vila das Identidades numa grande festa sincrética;, antecipa o organizador.

O retorno
Há 15 anos na estrada, os argentinos da companhia Seres de Luz abrem hoje o festival com o espetáculo Convocadores de estrelas. Radicados em São Paulo, os integrantes do grupo colocaram de lado a rivalidade entre os dois países e, em nome da arte, mergulharam no universo encantador dos bonecos. ;A gente nem gosta de futebol;, brinca a manipuladora Lily Curcio. ;Participamos da primeira edição do festival com um espetáculo de temática adulta, Quando você não está. Foi um momento muito importante para nós, por isso é uma satisfação enorme voltar ao evento;, comenta Lily, que divide o manuseio dos bonecos com os colegas Darko Magalhães e Abel Saavedra.

Baseado em lendas e mitos indígenas do México antigo, Convocadores de estrelas mistura misticismo e antropologia para narrar a história da origem do homem por meio dos personagens Pedro e Lola. ;Na cultura maia, a origem do homem vem das estrelas. Exploramos muito essa simbologia no espetáculo;, diz Lily. No palco, os artistas conduzem a trama utilizando técnica japonesa que permite maior mobilidade em cena. ;Ao longo do processo de pesquisa de Convocadores;, trabalhamos várias técnicas. A que mais chamou a atenção foi a kuruma ningyo, que não tem fios, apenas um banquinho com roda que nos permite andar o palco todo;, explica a artista. ;O contato com o boneco é direto.;

A outra atração da noite vem do Pará. Formado há 21 anos, o grupo Tradições Marajoara Cruzeirinho evoca os principais mitos e crenças da cultura amazônica no espetáculo de dança e teatro Carimbó da Ilha de Marajó. ;Estamos bastante entusiasmados porque é a primeira vez do grupo na capital;, destaca a coordenadora do grupo, Maria Amélia Barbosa. ;Vamos mostrar em cena as danças típicas e algumas lendas da região amazônica, mais especificamente da Ilha de Marajó.;