Jornal Correio Braziliense

Cidades

Policiamento reforçado em escolas da Asa Sul tranqüiliza alunos

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Policiais a pé, a cavalo, em motos e carros marcaram presença nas proximidades das escolas da Asa Sul e conseguiram, ontem, tranqüilizar os alunos que vivem amedrontados por causa dos constantes assaltos na região. Antes mesmo das 7h, no horário em que os estudantes chegam para as aulas, a ronda era intensa nas áreas verdes das quadras 900 ; um dos locais mais visados pelos assaltantes. A operação emergencial, definida pela cúpula da Polícia Militar na última sexta-feira, pretende intimidar oportunistas que roubam, principalmente, celulares e aparelhos de MP3 dos adolescentes. O reforço do policiamento nos arredores de colégios da Asa Norte começa hoje. Homens do Batalhão Escolar e dos batalhões responsáveis pela segurança do Plano Piloto estão envolvidos na operação, que não tem data para acabar. O Correio percorreu, na semana passada, 10 centros de ensino das asas Sul e Norte e constatou que os assaltantes não dão trégua aos alunos. A reportagem foi publicada no último domingo. O problema foi levado à polícia, que decidiu, então, intensificar as rondas nesta semana. A PM diz que tem dificuldade em conter os assaltos porque a maioria das vítimas não registra ocorrência. ;Se soubermos onde o crime está acontecendo, podemos agir melhor, preventivamente;, disse o subcomandante do Batalhão Escolar, major José Cláudio Carvalho. A 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul) registrou entre abril e agosto deste ano sete assaltos perto de colégios. A própria delegada titular, Martha Vargas, no entanto, sabe que esse número não corresponde à realidade. ;Muitos não procuram a delegacia, mas estamos atuando e o crime não vai vencer;, ressaltou. Na Delegacia da Criança e do Adolescente, as ocorrências desse tipo são freqüentes. ;A maioria desses pequenos furtos é cometida por menores, mas não apenas por eles;, comentou o delegado-adjunto da DCA, Yuri Fernandes. Nesses casos, quase sempre, os infratores ficam detidos por uma noite e depois são liberados. Pais de estudantes que precisam pegar ônibus ou almoçar nas quadras comerciais durante os intervalos de aula mostram-se preocupados com a situação. Ontem, cópias da reportagem publicada pelo Correio passavam de mão em mão na porta de um dos colégios. ;Quanto mais vigilância, melhor;, dizia a advogada Aurélia Melo, 47 anos, mãe de uma menina de 14. ;Graças a Deus nunca aconteceu nada com minha filha. Mas claro que a gente fica temerosa;, afirmou a aposentada Shirlei Faria, 54, que prefere buscar e deixar a jovem de 17 anos na porta do colégio. Interação com a escola A freqüência de roubos e furtos em volta de escolas não é um problema que se restringe a Brasília. Em São Paulo, desde outubro do ano passado, a Polícia Militar atua com firmeza para conter os assaltos a estudantes. Um trabalho comandado pelo coronel Álvaro Camilo tem dado resultado. Nos últimos cinco meses, não há registro, segundo ele, de assaltos na região central da capital paulista. ;O segredo está no entrosamento com as escolas. Elas precisam manter a polícia informada do que ocorre com seus alunos;, disse o coronel, que também destaca a atuação de policiais à paisana. ;Esses assaltantes, muitas vezes, se confundem com os próprios alunos;, explicou. Diretores de colégios particulares do Plano Piloto chegam a contratar seguranças para circular nas vias públicas e, com isso, amenizar o clima de insegurança entre os estudantes. Na Escola Americana (605 Sul), a rigidez é ainda maior: os alunos não atravessam o portão eletrônico sem a autorização dos responsáveis. Quem já tem a história de um assalto para contar teme ser vítima de novo. ;Medo eu tenho, mas o que eu posso fazer? Não consigo carona todo dia;, comentou uma aluna que teve a bolsa levada por um assaltante na 713 Sul no fim do ano passado. O reforço no policiamento iniciado ontem agradou à garotada. Mas os alunos deixaram um recado. ;É legal ver a polícia na rua. Mas não adianta ficar por aí alguns dias e depois desaparecer;, destacou um rapaz de 15 anos. No início do ano, ele foi abordado por três homens na altura da 903 Sul quando se dirigia à parada de ônibus depois da aula. Levaram o celular, o tênis, o MP3 e a bicicleta do adolescente. ;Se a polícia não está presente, a gente tem que ficar atento e andar olhando para todos os lados. E se vir algo estranho, tem que sair correndo;, emendou outro aluno de 14 anos, que também já foi assaltado.