Jornal Correio Braziliense

Cidades

Jogatina: três pessoas são apontadas como sócios de cassinos na Asa Sul

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A Polícia Civil investiga a existência de mais uma casa de jogos no Distrito Federal. De acordo com a delegada Martha Vargas, chefe da 1ª DP (Asa Sul), o local será mantido em sigilo para não prejudicar a apuração do caso. Na noite da última sexta-feira, os investigadores fecharam dois cassinos na Asa Sul ; um no Bloco L da 714 e outro numa sobreloja da 514. A partir dos depoimentos de testemunhas, a polícia identificou os três proprietários das casas, entre eles, um cabo da PM. Os nomes não foram divulgados porque nenhum deles foi denunciado formalmente. Depois de assinar um termo circunstanciado, todos acabaram liberados e vão responder ao processo em liberdade. Na casa de jogos da 714, foi encontrada uma mala com cheques, uma pistola taurus, cocaína e maconha. A delegada Martha Vargas disse que será aberta uma investigação para apurar a quem pertence a mala. Durante a operação, 25 pessoas acabaram detidas, entre jogadores, seguranças, sócios das casas de jogos, além de todo o material apreendido, como mesas, cadeiras, baralhos, computadores, televisores, agendas e documentos. Entre os apostadores (veja depoimentos ao lado) estavam servidores do Congresso e do Banco Central. A soma dos cheques chega a R$ 270 mil. Nas quadras onde funcionavam as casas de jogo, o dia ontem foi de alívio para alguns e de avaliação de prejuízos para outros. Na 714 Sul, os moradores respiravam aliviados com o fim da movimentação de carros pela rua. ;Tem uns três ou quatro anos que esse pessoal se mudou para a casa da esquina. Desde então, praticamente todo dia a rua ficava lotada de carros, a maioria importado. Não sabíamos o que acontecia por lá. Eles eram muito discretos;, disse um morador. No entanto, alguns vizinhos sabiam o que ocorria na casa da esquina. ;Os magnatas jogavam pôquer lá dentro. Tinha até segurança na porta. Os carros mais chiques nem paravam na rua. Eles colocavam na garagem, que tem vaga para uns quatro veículos;, detalhou outro morador, que também não quis se identificar. Já na 514 Sul, os comerciantes passaram a manhã preocupados com os danos provocados nas lojas com a tentativa de fuga dos jogadores no momento da chegada da polícia. Azevaldo dos Santos Martins, 48 anos, dono de uma loja de materiais de escritório, não sabia por onde começar a calcular os estragos. Um buraco no teto mostrava o lugar onde alguns fugitivos tinham caído. ;Quebraram as telhas, a instalação elétrica e o gesso. Não tenho nem idéia quanto irá custar para arrumar tudo;, lamentou o homem. Investigação A Polícia Militar abriu ontem uma sindicância para apurar o envolvimento do cabo com a casa de jogos. De acordo com o tenente-coronel Civaldo Florêncio da Silva, chefe da comunicação social da PM, o cabo está sujeito a duas apurações: a administrativa, pela Polícia Militar, por estar em local incompatível à sua função, e a jurídica, pela Polícia Civil. ;Se for evidenciada a participação em crime, a pena pode variar de detenção administrativa à exclusão da PM;, afirmou o coronel. O cabo será ouvido pela Corregedoria da Polícia Militar. Quem tiver mais informações sobre o funcionamento de casas de jogos no Distrito Federal pode ligar para o 197 (disque-denúncia) ou 3426-4900 (1ªDP).