Após quatro dias de viagem, os últimos animais do Le Cirque finalmente chegaram ao Zoológico de Brasília. Por volta das 16h deste sábado (13/09), os funcionários do local receberam um rinoceronte branco macho, ameaçado de extinção, e um elefante africano macho. Os bichos viajaram de Campo Grande (MS) em uma carreta escoltada por agentes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama). Logo após a chegada, os animais foram alimentados com ração e cenoura e observados pelos veterinários. Aparentemente, eles estão bem. Mas somente os exames médicos irão apontar com precisão o estado de saúde.
A demora para a chegada dos animais ocorreu pela dificuldade no transporte. De acordo com os técnicos do Ibama, a carreta não podia ultrapassar a velocidade de 40 Km/h, o que atrasou o trajeto. Além disso, foram necessárias paradas para que os bichos dormissem no período da noite. A carreta uada no transporte pertence ao Le Cirque e deverá permanecer no Zoológico durante esta semana.
O diretor do Zoológico, Raul Gonzales Acosta, antecipa que os animais ficarão isolados nas próximas semanas. Segundo ele, o risco de contágio em outros bichos é alto pelo fato deles estarem chegando de regiões desconhecidas. "Seria um risco colocá-los em contato com o restante dos animais. Isso só irá ocorrer após o resultado dos exames", explica.
Quem passava pelo Zoológico no momento da chegada dos animais não deixou a curiosidade de lado. Uma enorme roda formou-se próximo à carreta. Os funcionários tiveram de isolar a área. Mas nem assim os curiosos deixaram o local. O professor Pedro Sebastião, 51, levou o filho de dez anos para ver a chegada dos animais. Para ele, a transferência foi importante para cuidar da saúde dos bichos. "Não teria como deixar de observar essa chegada. Temos acompanhado esse assunto nos últimos dias", conta o morador da Asa Norte, que leva a família todos os fins de semana ao local.
Memória
O Le Cirque teve o alvará de funcionamento revogado pelo Ministério Público em agosto quando se apresentava em Brasília, após uma vistoria do Ibama constatar que os animais eram vítimas de maus-tratos. Em 12 de agosto, fiscais do órgão apreenderam dois chipanzés e um hipopótamo, que foram recuperados na Justiça pelo circo.
Um laudo detalhado que comprovava o mau tratamento e a Operação Arca de Noé foi preparada, pelo Ibama, para reaver os bichos. Antes, porém, os donos do circo ficaram sabendo da ação e fugiram com todos os animais na madrugada de 15 de agosto, mas as carretas foram interceptadas em Mato Grosso do Sul. A viagem de volta a Brasília, feita às pressas com todos os bichos, menos o elefante e o rinoceronte, causou exaustão. Um pônei não resistiu e morreu e uma camela teve sinais de desidratação.