postado em 05/09/2008 08:28
Um alto funcionário do Senado Federal está sendo acusado na Delegacia de Polícia de São Sebastião (30ª DP) de exploração sexual de adolescentes de baixa renda. O funcionário de um dos gabinetes da Casa teria pago para manter relações com meninas de 14 e 16 anos. Depoimentos das próprias adolescentes e de porteiros do prédio onde mora o acusado, na Asa Sul, fazem com que o delegado considere o caso já resolvido. ;São provas testemunhais irrefutáveis. Tenho certeza do envolvimento;, resume André Victor do Espírito Santo, titular da 30ª DP. O servidor, que é advogado, nega todas as acusações e se diz vítima de uma armação.
A delegacia entrou no caso no dia 21 de agosto, quando a mãe de uma menina de 14 anos deu queixa de seu desaparecimento. ;Ela chegou em casa com uma série de produtos caros e a mãe quis saber a procedência. Ao descobrir que ela havia recebido dinheiro por sexo, essa mãe reagiu muito mal e a menina, assustada, fugiu. Ficou quatro dias na casa de amigos;, relata o delegado. ;Quando ela voltou foi ouvida na Seção de Atendimento à Mulher (SAM) e nos contou tudo. Fomos, então, atrás de outras adolescentes e montamos a história;, completa.
A menina de 14 anos contou à polícia que foi convidada por uma colega de 16, moradora do Guará, para acompanhá-la em um encontro. As duas teriam ido na tarde do dia 21 de agosto, uma quinta-feira, ao local combinado: as proximidades da Igrejinha Nossa Senhora de Fátima, na 307/308 Sul. ;Ele as levou de carro para o apartamento e, já no quarto, pediu que elas se despissem. Com elas nuas, perguntou a idade da adolescente de 14 anos e, ao ser informado, teria dito ;que delícia; e lhe dado preferência, segundo a outra menina, a de 16 anos;, narra Espírito Santo. Após fazer sexo com as duas ele teria dado R$ 400 a cada uma e as deixado em um shopping, onde gastaram o dinheiro em bolsas, tatuagens removíveis e piercings.
Guará
A polícia apurou então que a adolescente de 16 anos havia sido recrutada por uma amiga da mesma idade, também moradora do Guará. ;Que, por sua vez, foi colocada no esquema por uma quarta menina, de Taguatinga, que hoje tem 18 anos;, explica. As duas últimas foram prestar esclarecimentos na delegacia na companhia do servidor, que se apresentou como advogado da maior de idade. ;Mas já sabíamos o nome dele e não permitimos, ele foi ouvido sim, mas como envolvido;, conta a agente Maria Irlanda Mendes, chefe da SAM.
As duas meninas ; a de Taguatinga e a primeira a ser recrutada no Guará ; e o advogado contaram uma versão diferente para os fatos. As adolescentes negaram ter feito programa com o homem. O servidor, por sua vez, disse que encontrou as duas outras meninas ; a segunda do Guará e a de São Sebastião ; ocasionalmente no dia 21 de agosto e que a garota de 16 anos, que ele conhecia de vista, havia pedido carona para as duas até o shopping. A mais velha teria então simulado que passava mal e pedido para ir ao banheiro na casa dele, de onde as duas teriam roubado R$ 400 de cima de uma mesa. ;Mas o depoimento das meninas era fraco e cheio de divergências. Não foi difícil fazê-las contar a verdade;, afirma Espírito Santo.
O delegado diz que a nova versão contada pelas meninas faz sentido. ;Até os pedidos que ele fazia durante o sexo eram os mesmos;, detalha Espírito Santo. ;Já temos as provas testemunhais, que são muito fortes, mas vamos conseguir as materiais. Pedi para as companhias telefônicas o registro das ligações entre o acusado e as meninas. Vamos autuá-lo por exploração sexual de adolescentes, que prevê pena de quatro a 10 anos de prisão;, conclui. Dois porteiros do prédio do acusado também foram ouvidos e relataram que semanalmente ele chega em casa na companhia de meninas. O inquérito deve ser concluído em até 30 dias.
O Correio falou com o acusado, que nega tudo. Ele disse que namorou com a garota que é maior de idade entre março e junho deste ano. Ela seria amiga da adolescente de 16, que teria se insinuado para ele várias vezes. Ele manteve a versão do depoimento e se disse vítima de um golpe. As meninas, segundo ele, teriam inventado a história para que suas mães não descobrissem que elas haviam roubado o dinheiro. O servidor se diz tranqüilo e afirma que vai provar sua inocência.