A possibilidade de centenas de candidatos com antecedentes criminais preencherem vagas para técnico penitenciário preocupa a Polícia Civil do Distrito Federal. São 350 homens e mulheres que cometeram crimes considerados graves, mas conseguiram aprovação em concurso público para cargos importantes na estrutura da segurança pública da capital do país. Por temer que assumam posições na carceragem dos presídios brasilienses, a corporação usará o próprio edital do processo seletivo para tentar impedir a contratação dos futuros funcionários.
O concurso, realizado neste ano, aprovou 2.750 candidatos no DF. Do total, 480 têm histórico de violência, sendo que 350 se envolveram em assassinatos, seqüestros e assaltos. O levantamento foi feito pelo serviço de inteligência da Polícia Civil, logo após a divulgação da lista dos selecionados. ;Todos eles serão avisados sobre o impedimento previsto no edital. Quem não conseguir explicar a situação ou se se confirmarem tais condições, será reprovado;, afirmou o diretor de Comunicação Social da Polícia Civil do DF, delegado Miguel Lucena.
O presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal (Sinpol-DF), Wellington Luiz de Souza, chamou a atenção para o risco de pessoas com perfil criminoso assumirem funções estratégicas nas cadeias públicas de Brasília. ;Há suspeitas de que alguns sejam ligados ao crime organizado, que há tempo tenta entrar no Distrito Federal. Isso é um perigo, pois em três ou quatro meses de academia terão acesso a informações importantes sobre o funcionamento dos presídios;, afirmou.
Wellington teme ainda que os possíveis reprovados apelem à Justiça para garantir o cargo. Para discutir o assunto, reuniu-se nesta sexta (15/08) pela manhã com representantes da cúpula da Polícia Civil. Ficou acertado que a corporação alertará o Judiciário sobre futuras ações. ;Temos de evitar liminares que dêem chance para que essas pessoas tenham qualquer noção sobre os procedimentos policiais. É preciso zelo por parte da Justiça;, cobrou o presidente do Sinpol-DF. O salário inicial previsto para a função é de R$ 2,5 mil.