Jornal Correio Braziliense

Cidades

Flagrantes de condutores alcoolizados superam total registrado no ano passado

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A quantidade de motoristas pegos dirigindo alcoolizados no Distrito Federal este ano já supera todos os registros de 2007. De janeiro a julho de 2008, o Departamento de Trânsito autuou 1.099 condutores. Nos 12 meses do ano passado, foram 1.008. A média diária saltou de 84 para 157 ; um crescimento de 86,9%. ;Reflexo da lei seca;, afirmou o diretor-geral do Detran, Jair Tedeschi. ;Intensificamos ainda mais a fiscalização. Escolhemos pontos e horários estratégicos. Isso refletiu, de forma geral, em todas as outras punições aplicadas;, detalhou. O caso de um vigilante de Ceilândia mostra bem por que cresceu tanto o número de flagrantes por embriaguez. Em apenas oito dias ele foi pego duas vezes dirigindo alcoolizado. Por conta disso, teve de desembolsar R$ 1,8 mil como pagamento de fianças e R$ 1.914 em multas (R$ 957 cada). O segundo flagrante ocorreu na madrugada do último sábado (09/08). O homem (a polícia não divulgou o nome) acabou levado para a 6ª DP (Paranoá) após envolver-se em acidente sem vítima. O teste do bafômetro acusou 0,8 miligrama de álcool por litro de ar expelido pelos pulmões. Com 0,3mg, o condutor já é conduzido para a delegacia. O vigilante passou a madrugada detido e só foi liberado após ter a fiança, fixada em R$ 1 mil, paga por um irmão. Uma semana antes, ele fora flagrado realizando manobras perigosas em Ceilândia no meio da tarde. O bafômetro acusou 1 miligrama por litro de ar expelido pelos pulmões. Ele pagou fiança de R$ 800 e foi liberado. Categoria Com o aumento da fiscalização noturna para flagrar os motoristas embriagados cresceu também a quantidade de punições para quem se descuida do sistema de iluminação do veículo. Essa foi a infração que mais cresceu percentualmente neste ano na comparação com 2007: 133,5% (confira arte). A média mensal pulou de 42 para 98,1 autuações. Outro comportamento do motorista do DF que chama a atenção é dirigir fora da categoria da habilitação. O aumento desse tipo de infração foi de 63,9%. Em 29 de julho passado, o motoboy Ricardo Sousa da Silva, 26, morreu em um acidente de trânsito em Ceilândia Norte. Ele pilotava a moto Yamaha placa KEY 6351-GO quando bateu na lateral do caminhão Mercedes Benz JEK 0962-DF, conduzido por James Pereira do Nascimento, 21. Segundo o sargento Arnaldo Moura, do 8º BPM, James dirigia o veículo fora da habilitação e teria feito uma manobra proibida. Uma das metas do Detran é reduzir a quantidade de motoristas que avançam o sinal vermelho e insistem em circular sem o cinto de segurança. Para isso, os agentes serão recolocados em pontos estratégicos do DF, como a QNL de Taguatinga. ;A abordagem é fundamental. Dessa maneira, os motoristas aprendem o que está errado para não repetir a infração;, defendeu o chefe da Fiscalização do Detran, Silvain Fonseca. Gerente de Fiscalização do Detran, Silvaim Fonseca, explica porque as multas aumentaram este ano: A pedido do Correio, o especialista em trânsito e professor da Universidade de Brasília (UnB) Paulo César Marques analisou o balanço do Detran. ;O aumento da fiscalização, sem dúvida, é um fator importante. O exemplo mais claro disso está nos casos da lei seca. Já o avanço de sinal pode ser um indicativo de necessidade de mudança no tempo semafórico;, comentou. Defesa da AGU A Advocacia-Geral da União (AGU) se manifestou contrária à Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) proposta contra a lei seca. Em resposta ao pedido de informações à Presidência da República, feito pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, o órgão contestou os argumentos da ação encaminhada pela Associação Brasileira de Restaurantes e Empresas de Entretenimento (Abrasel). A AGU pediu ao STF que indefira a liminar, pois não há violação da Constituição Federal. O órgão também usou estatísticas para sustentar o entendimento protocolado junto ao STF. Cita que os primeiros 24 dias de vigência da lei registrou queda de 39% no total de acidentes fatais registrados no DF. A resposta da AGU, assinada pelo advogado-geral da União, ministro José Antônio Dias Toffoli, é um do passos até o julgamento da Adin pelo tribunal, o que deve ocorrer até o fim do ano.