A queda-de-braço pelos animais do Le Cirque ; que funciona no estacionamento do Estádio Mané Garrincha ; continua. Após a operação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) para a retirada de bichos do circo, onde o órgão encontrou uma série de evidências de maus-tratos, dois chimpanzés e um hipopótamo foram levados ao Jardim Zoológico de Brasília na manhã dessa terça (12/08).
Com uma guia de trânsito do Ministério do Meio Ambiente, a dupla de primatas desembarcou ainda de noite em um santuário de chimpanzés, em Sorocaba (SP). O hipopótamo permaneceu no zoológico, onde há vaga para a espécie. Mas uma nova decisão da Justiça na tarde da quarta (13/08) determinou que o Ibama devolva os animais em 24h, sob pena de R$ 2 mil por dia.
Um dos proprietários do Le Cirque, George Stevanovich, protestou contra a tranferência dos dois chimpanzés do circo. Escute o áudio aqui.
Bem-estar
Os dois chimpanzés adultos que viviam isolados em uma jaula de três metros quadrados no circo ; 20 vezes menor que a área mínima exigida pelo Ibama ; agora estão em um área verde de 500 metros quadrados, onde convivem com outros 44 primatas. A associação sem fins lucrativos de Proteção aos Grandes Primatas (GAP) fornecerá assitência médica e alimentação adequada. ;Fui pessoalmente a Brasília buscar eles, que estão banguelos, tinham correntes nos pescoços e apresentavam altos níveis de estresse;, contou a presidente do GAP, Selma Mandruca. A associação internacional tem quatro santuários no Brasil, e além de recuperar e socializar animais maltratados, ele realizam pesquisas de observação do comportamento dos macacos.
A veterinária do Jardim Zoológico Lúcia Magalhães trabalhou no GAP por dois anos e cuidou dos animais antes da partida deles para São Paulo. ;Quem perde com essa briga são os chimpanzés. Ele dizem que cuidam deles com se fossem filhos. Será que eles deixariam os filhos acorrentados em uma jaula enferrujada?;, questionou. No lugar, as normas do Ibama para a manutenção de animais silvestres são ignoradas. Na vistoria, foi constatado que a girafa usada nos espetáculos não tinha espaço para erguer o pescoço no cativeiro, os seis elefantes vivem em uma área de 25 metros quadrados ; tamanho de uma quitinete ; e estão abaixo do peso. O rinoceronte africano, com feridas nos olhos, também passa a maior do tempo enjaulado.
Lúcia Magalhães explica que o santuário para proteção de grandes primatas que sofreram maus-tratos, em Sorocaba (SP), é o lugar ideal para recuperação dos dois chimpanzés. Escute aqui
ENTENDA O CASO
Cassação de alvará
O Le Cirque recebeu alvará para funcionamento na cidade em 1; de agosto, concedido pela Administração de Brasília. Na sexta-feira passada, dia 8, a administração revogou o documento por recomendação do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), que defendeu a realização de vistoria para averiguar as condições dos animais. Respaldados pela decisão do MPDFT, agentes do Ibama e da Companhia Ambiental da Polícia Militar visitaram o local e produziram relatório de 30 páginas, com fotos, denunciando o estado precário em que 14 animais viviam no lugar. Na quarta (13/08), os agentes ambientais apreenderam três bichos. Mas o advogado do circo conseguiu liminar judicial, também na tarde de ontem, para reaver os animais.