Quatro dias após a prisão dos acusados de assassinar o diretor Carlos Ramos Mota, 44 anos, do Centro de Ensino Fundamental (CEF) 9 do Lago Oeste, 87 professores e servidores da escola pararam de dar aulas por medo e insegurança. Depois da a morte do diretor, os educadores dizem que vêm sendo ameaçados e pedem reforço no policiamento.
A decisão de paralisação foi tomada na manhã de ontem. Na próxima quinta-feira, os funcionários e alunos entram em recesso escolar. Mas, se até 28 de julho ; quando deveriam retornar as aulas ; a segurança policial 24 horas não for garantida, os educadores prometem não voltar ao trabalho.
Um professor que não quis se identificar afirmou que, há 10 dias, pelo menos seis funcionários sofreram ameaças por meio de ligação anônima ou tiveram os pneus de seus veículos furados dentro da escola. ;Os que iam assumir a direção recuaram por medo. Três professores deixaram a escola. Todos temos famílias e ninguém quer se expor.;
O diretor da Regional de Ensino de Sobradinho, Ranieri Falcão, 41, explicou que uma empresa de vigilância emergencialmente contratada pela Secretária de Educação para atender escolas públicas do Distrito Federal foi transferida para o CEF 9. ;Temos quatro vigias que se revezam durante o dia no Centro de Ensino do Lago Oeste;, disse.
Sem armas
Mas, de acordo com um servidor da escola, a vigilância não é armada. ;Os vigias são importantes. Mas no Lago Oeste o caso é de polícia;, disse o funcionário, que também não quis revelar o nome. O comandante do Batalhão Escolar, tenente-coronel Nelson Garcia, garantiu que o policiamento nos três turnos permanece fixo desde ontem. ;Cheguei à escola e fui surpreendido com o estabelecimento vazio. E tínhamos policiais no local;, afirmou.
Na 35; Delegacia de Polícia (Sobradinho II) e no Batalhão Escolar, não há registro de brigas, tráfico ou ameaças. ;Em função disso, o perfil da escola para a polícia é de um local tranqüilo. A polícia e a escola precisam se comunicar melhor. Nunca fomos procurados pelo CEF 9. E lamentamos não termos tido conhecimento da situação antes da morte lamentável do diretor.;
O diretor Carlos Mota foi morto com um tiro no peito em 20 de junho, dentro de casa, na Rua 2 do Lago Oeste. O crime chocou e comoveu a comunidade. E a suspeita de que de a morte teria sido motivada por vingança de traficantes da região foi confirmada.
Quatro homens foram presos no último sábado por homicídio qualificado, cuja pena pode chegar a 30 anos de prisão. Carlos Lima do Nascimento, conhecido como Gabiru, 22, e Benedito Alexandre do Nascimento, 19, já haviam estudado no CEF 9. Alessandro José de Sousa, 19, ainda era aluno da escola. Benedito confessou ser o autor do disparo, mas, segundo a polícia, Gilson de Oliveira, 31, foi o mandante do crime. Ele teria sido expulso da escola pelo diretor porque atuaria como traficante na unidade de ensino.