Assim que concluem o ensino médio, centenas de jovens brasilienses correm atrás de um mesmo sonho: ingressar em uma faculdade de medicina, de preferência pública. Todos os anos, 80 estudantes alcançam o objetivo e conquistam uma vaga na Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS), mantida pela Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde (Fepecs). A única faculdade de medicina do país vinculada a uma Secretaria de Saúde foi inaugurada em 2001 e tem duas turmas formadas. Ela recebeu nota máxima no último Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), avaliação realizada pelo Ministério da Educação. Das 176 faculdades de medicina públicas e particulares em funcionamento do país, apenas oito tiraram 5, a maior menção.
A escola tem 480 alunos divididos entre as seis séries que compõem o currículo. Não há as disciplinas tradicionais, mas módulos temáticos interdisciplinares durante os seis anos de curso. Assim que começam as aulas, os estudantes saem a campo para conhecer os hospitais e centros de saúde da rede pública do DF. Eles vão à casa dos pacientes, fazem um diagnóstico da condição de vida das pessoas e falam com lideranças comunitárias para entender melhor a realidade do doente.
Trabalho comunitário
;Usamos a metodologia ativa de aprendizado, o conteúdo é transformado em problemas, que são discutidos em sala. A vantagem desse método é a busca pela informação;, explicou o professor e diretor da ESCS, Mourad Belaciano. A humanização do médico faz parte do currículo da faculdade. Desde o primeiro ano, os jovens aprender a trabalhar considerando o contexto em que o paciente está inserido. Os 153 professores são médicos que trabalham nos hospitais da rede quando não estão em sala. ;Alguns alunos também se reúnem fora do horário de aula para discutir assuntos ligados ao conteúdo ou fazer trabalho comunitário;, disse a diretora interina da Fepecs, Ana Kalume.
Os alunos passam boa parte das aulas em hospitais e centros de saúde. Isso os aproxima do dia-a-dia da profissão e serve como estímulo extra para se dedicar aos estudos. Paulo Henrique Pereira, 22 anos, está no último ano do curso e se prepara para a residência em clínica médica. Ele espera conseguir uma vaga no Hospital Regional de Taguatinga (HRT), unidade que considera bem estruturada para receber pacientes com todo tipo de necessidade. ;A faculdade prepara para a busca do conhecimento e você vê a realidade da saúde pública do DF. A metodologia é ativa, você não depende do professor;, acredita Paulo.
Os calouros da ESCS se dizem confiantes no modelo da escola que escolheram. ;Eu sabia que ia ser diferente, mas não conhecia o método. Sabia que os alunos estavam indo muito bem quando saíam da faculdade;, disse Rafael Almeida, 22 anos. Os pais de Daniel de Toledo, 19 anos, são médicos, o que contou na escolha da instituição. Nos primeiros meses de aula, ele conheceu as regionais de Taguatinga, Ceilândia e Gama. ;Vimos o que acontece nesses hospitais e isso firmou minha decisão de ser médico. Visitamos as famílias e conhecemos a condição de vida delas, é uma análise diferente;, afirmou.
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