A rixa entre duas gangues de São Sebastião resultou na morte de mais um jovem, às 11h55 desta terça-feira (01/07), na Avenida Comercial nº 621, em frente à Panificadora Pães Aruba. A vítima é Cássio Barbosa da Silva de 16 anos, membro de uma gangue que reúne moradores do bairro São José, Vila Nova e Residencial Oeste. A vítima era acusada de assassinar Edmilson Pereira de Brito, 27, o Morcegão, integrante da gangue das (quadras) 200, e iniciar a guerra entre os grupos rivais.
Eram quase 12h quando uma moradora da rua 12, do Setor Tradicional de São Sebastião, escutou quatro disparos de arma de fogo. Ela correu na janela e viu um rapaz ensangüentado, que acabara de abandonar a moto Honda, cor vinho e placa JGW 5602-DF, e andava cambaleante rumo à panificadora Aruba, localizada na rua acima. Atrás havia outro jovem, vestido com short azul e camiseta vermelha, e com uma arma na mão de onde saíram mais dois tiros. "Não vi os rostos porque estavam de costas, mas um fugia e outro vinha atrás. Os dois a pé", diz a moradora que não quis se identificar.
O ferido era Cássio, que morreu logo após ser baleado no joelho e no ombro esquerdos. Um projétil atravessou o ombro, perfurando o tórax do adolescente. A vítima estava acompanhada de um amigo de 17 anos que foi ferido no braço. O autor fugiu.
Segundo o delegado chefe da 30ª DP(São Sebastião), André Victor do Espírito Santo, o menor estava no local para vingar a morte do irmão, Henrique Barbosa da Silva, 20 anos, assassinado na noite de sábado, em retaliação à morte de Morcegão, às 2h de sábado. "A vítima disse à mãe que iria no bairro Bosque resolver umas pendências e que logo estaria de volta. Porém, ele foi informado onde os "membros das 200", estavam e seguiu para o local", diz Victor.
Quatro mortes em três dias
Desde a madrugada do último dia 28, quatro pessoas foram mortas. Para André Victor a guerra vai continuar. "Não acabou. Temos indivíduos vivos de ambos os lados e sabemos que eles estão dispostos a prosseguir", acredita. "Trata-se de garotos com a mentalidade atrasada. Não há quadrilha, nem grandes traficantes, são todos ladrões pés de chinelo, que cometem pequenas infrações e matam uns aos outros quando se vêem em confronto", relata Victor.
O jovem morto na manhã de ontem respondia a dois homicídios consumados e duas tentativas. Em 12 de março ele foi preso em flagrante com duas armas e internado no Centro de Atendimento Juvenil Especializado (Caje), onde passou apenas 50 dias. "Se o Cássio não tivesse sido solto essas quatro mortes teriam sido evitadas", acredita Victor.
No fim da tarde de ontem, a Polícia Civil prendeu Bruno dos Santos Leite, 19, integrante da gangue de Cássio, na quadra 14, casa 4 do bairro São Francisco. No local, a polícia encontrou coletes da Polícia Militar e um revólver calibre 38 com 15 munições, além de um cartucho deflagrado. "Suspeitamos que essa seja a arma usada para matar Morcegão e em uma dupla tentativa de homicídio após a morte de Henrique", informa Victor. Após o assassinato do irmão, Cássio, Bruno e outros dois menores teriam ido à quadra 202 e atirado contra dois adolescentes, que foram feridos no pé e no tórax.
De acordo com a Polícia Militar, a partir de hoje, o policiamento nas ruas de São Sebastião pserá intensificado. "Faremos isso até que a sensação de segurança seja reestabelecida", diz o Major da polícia da 17ª Companhia Militar Independente (CPMInd), Marcos Amaro. A medida, contudo, é vista como uma intimidação aos bandidos, mas não põe fim à guerra. "A única forma de evitar essa violência é uma política que mantenha esses adolescentes internados no Caje por mais tempo", acredita Victor.