Mais de 30 mil pessoas se reúnem na terceira maior parada gay do país neste domingo (29/06). É a 11° Parada do Orgulho LGBTS (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, transgêneros e simpatizantes) de Brasília. A concentração ocorreu por volta das 14h na altura da 108 sul e a dispersão será próxima à Biblioteca Nacional perto das 21h. Grande parte dos participantes usam camisetas com a camuflagem do Exército brasileiro para prestar solidariedade ao casal de sargentos Laci e Fernando que assumiu relacionamento na mídia.
A presença que mais exaltou ânimos na manifestação foi a do sargento Fernando Alcântara, que permaneceu no primeiro carro de som da parada. Ele disse que está muito difícil passar por isso, pois ainda está com o companheiro, sargento Laci de Araújo, preso. ;Quero que as pessoas sejam respeitadas pelo seu profissionalismo e que não sejam discriminadas por sua orientação sexual. Sinto um misto de liberdade e de angústia, mas cheguei ao meu limite e não pude mais ficar;, acrescentou. Além disso, o sargento Alcântara disse que, nesta terça-feira, seu companheiro, sargento Laci, será submetido à perícia médica para verificar se ele está com distúrbio neurológico e síndrome do pânico. Após a inspeção, a juíza-militar determinará ou não a sua liberdade.
Quem esteve presente também na manifestação foi a cabo da Aeronáutica Maria Luiza da Silva, hoje cabo reformado. Ela não quis dizer o nome antigo, pois alegou que é uma coisa do passado. Maria Luiza continua com processo na Justiça depois que a Aeronáutica a aposentou compulsoriamente, não a promoveu como previsto e reduziu seu vencimento à metade. A cabo conseguiu liminar para voltar a receber o valor de antes, mas a Justiça ainda não julgou o mérito.
O coordenador da Parada, Welton Trindade, disse que Brasília é uma cidade com boa aceitação da vida gay e que eles lutam pela criação de um conselho de gestão de políticas públicas para o segmento. Segundo ele, o governo do Distrito Federal havia prometido algo nesse sentido, mas que, até agora, nada foi feito. Trindade comentou também pesquisa realizada, no mês passado, que verificou que 64% dos homossexuais entrevistados já sofreram violência verbal ou física nos últimos dois anos. O estudo mostrou também que, em geral, 68% das pessoas apoiam a criminalização da homofobia, e 25% disseram que são contra a união civil entre homossexuais. ;Isso mostra que Brasília é um lugar razoavelmente tolerante;, concluiu.