Jornal Correio Braziliense

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Igrejinha de Nossa Senhora de Fátima completa 50 anos

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Antes mesmo de a capital ser inaugurada, a Igrejinha Nossa Senhora de Fátima, entre a 307 e a 308 Sul, estava erguida. A localização é privilegiada: perto do Clube Vizinhança e em um dos comércios mais antigos e movimentados da cidade. Por isso, apesar de pequena, a igreja atrai centenas de pessoas todos os dias. São devotos de Nossa Senhora de Fátima, moradores da região e turistas de vários lugares do país e do mundo para conhecer mais uma obra de arte da
arquitetura de Brasília.

A igreja foi construída a partir de uma promessa da ex-primeira dama Sarah Kubitschek. Ela pediu a Nossa Senhora de Fátima que curasse a filha Márcia. Se o pedido fosse realizado, ela mandaria erguer a primeira igreja de alvenaria da cidade. As orações foram atendidas. Márcia se curou e, 100 dias depois do início das obras, a capela estava pronta. Oscar Niemeyer assina o ousado projeto arquitetônico, que representa o chapéu de três pontas das freiras vicentinas e a base em forma de coração para guardar a Nossa Senhora. Athos Bulcão acentuou valor artístico à obra com um de seus conjuntos de azulejos e Burle Marx decorou a área externa com grandes jardins.

Logo foram celebradas as primeiras missas, os casamentos e batismos pelos frades capuchinhos do Rio Grande do Sul. O frei Amadeu Antonio Semin, 88 anos, foi o pároco responsável pelo batismo e lembra a cerimônia como se fosse hoje. ;O nome da criança era Jussara por causa de Juscelino e Sarah Kubitschek. E eles estavam lá como padrinhos;, conta.

Ao ar livre
Para a pequena igreja, que comporta apenas 60 pessoas, ficaram as missas diárias e comemorações. Em um dia da celebração da trezena de Nossa Senhora de Fátima deste ano ; primeiros 13 dias de maio ;, 10 mil pessoas ocuparam a praça onde fica a igreja. Nessas datas, as cadeiras de plástico ficam ao ar livre e as caixas de som propagam o sermão pela praça. A expectativa para a celebração do Jubileu de Ouro é grande. Alguns eventos foram realizados ao longo do ano. Mas no sábado, a missa especial será realizada e 600 selos comemorativos dos Correios serão leiloados. A partir da data, 18 mil exemplares vão circular por todo o país.

Cada um colaborou com os preparativos da festa. A aluna de História na UnB Beatriz Botelho Menezes Lima, 21 anos, organizou com a comunidade um documentário de 20 minutos com depoimentos de personagens que freqüentam a Igrejinha. Nilza Teixeira, 82 anos, paroquiana pioneira, montou um quadro de fotos dos fiéis. São registros de casamentos e missas do dia-a-dia que serão expostos no sábado. Maria Cristina Guimarães, 57 anos, aponta orgulhosa no quadro a foto do casamento da filha.

Superação
Maria Cristina se emociona ao dizer que a igreja fez parte da vida da família. Assim que chegou a Brasília, aos 17 anos, assistiu às missas e se apaixonou pelo lugar. Ali, comemorou vitórias e reuniu forças para passar momentos difíceis. ;Quando meus filhos nasceram, antes de entrar em casa, passei com eles aqui. Quando meu marido morreu, vim constantemente aqui rezar. E agora, quando minha filha virou juíza, organizamos uma missa especial para abençoá-la;, conta. Assim como ela, cada um que passa pela igreja tem uma história para contar.

Na época da criação, o papa Pio XII foi informado da democrática capela e logo previu o sucesso que faria. ;Ele disse que a Igrejinha de Fátima ia irradiar o amor por Nossa Senhora pelo país. E ele acertou. Hoje em dia, a missa é transmitida por rádio na Amazônia;, orgulha-se o frei Odolir Eugênio Dal Mago, um dos párocos.