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BR-020: motorista do Palio estava embriagado

Condutor do carro que capotou no domingo bebeu oito latas de cerveja e dirigia em alta velocidade. Para a polícia, ele assumiu o risco de provocar a morte dos três amigos de infância

O motorista do Palio envolvido no acidente ocorrido domingo (22) à tarde na BR-020 dirigia embriagado, acima da velocidade permitida na via e carregava quatro pessoas no banco de trás ; nenhuma delas usava cinto de segurança. Apesar da amizade que mantinha havia mais de uma década com as vítimas, Pedro Andriak Soares da Silva, 24 anos, responderá pela morte de três amigos. Ele confessou ter bebido oito latas de cerveja antes da tragédia. Laudo preliminar do Instituto de Medicina Legal (IML) comprovou a embriaguez. Os corpos das vítimas ; todos irmãos, entre eles um casal de gêmeos ; serão enterrados hoje em Santa Filomena (PI), cidade natal do trio que há seis meses veio estudar e trabalhar na capital do país.

Ouça entrevista com o condutor do veículo:

No depoimento à polícia, Pedro disse que o grupo aproveitou a manhã de domingo para nadar no Lago Paranoá, na altura do Pontão do Lago Sul. Em uma pensão da Quadra 38 do Guará II, ele encontrou quatro amigos ; os irmãos Evanio, 18 anos; Evanessa, 18; Gleicia, 16; e Klésia Rodrigues da Silva, 13. Depois, eles buscaram o primo de Pedro e namorado de Gleicia, Joanes Santana de Souza, 20. Os seis passageiros se apertaram no Palio placa JQB 0660-DF, com capacidade para cinco pessoas. Ainda de acordo com Pedro, o grupo parou em um supermercado do Guará, comprou cerveja e seguiu para o Pontão. Por volta das 13h30, eles partiram para a casa de uma amiga, em Planaltina. ;Antes de pegar a BR-020, o Pedro ainda parou no Flamingo (shopping) para comprar mais duas latas de cerveja;, contou o titular da 16; Delegacia de Polícia (Planaltina), Marcos Naves. Em entrevista ao Correio, o condutor do Palio revelou que seguia a 100km/h na faixa da direita, quando decidiu fazer uma ultrapassagem malsucedida (confira arte). Pedro acabou perdendo o controle do veículo, que capotou diversas vezes. Os gêmeos Evanio e Evanessa foram arremessados para fora do Palio e morreram na hora. Transportada no helicóptero do Corpo de Bombeiros para o Hospital de Base, Gleicia perdeu a vida no fim da tarde, em conseqüência de uma hemorragia interna. Os demais ocupantes do carro sofreram apenas escoriações leves. Com intenção ;Tinha bebido, mas não estava alterado. Estou arrependido demais, mas agora é entregar tudo na mão de Deus;, declarou Pedro, que trabalha como cobrador de ônibus na empresa Expresso Riacho Grande e mora em Ceilândia. Segundo o delegado Marcos Naves, o fato de o motorista estar embriagado, acima da velocidade-limite da via (80km/h) e transportar passageiros sem o cinto justifica a abertura do processo por homicídio doloso ; quando há a intenção de matar. ;Ao se embriagar e pegar o carro, ele assumiu o risco de matar. Se não tivesse bebido e acima da velocidade limite, poderia ter poupado a vida dos colegas;, explicou. O laudo do IML, feito quatro horas após a tragédia, apontou embriaguez, mediante constatação de ;hálito etílico e coordenação motora alterada;. Pedro, que está na carceragem do Departamento de Polícia Especializada (DPE), deve seguir para a Papuda nos próximos dias. Se condenado pela Justiça, ele pode pegar de seis a 20 anos de prisão. O Departamento de Trânsito do DF (Detran) abriu processo administrativo contra o condutor: há chance de a carteira de habilitação do motorista ser cassada. Vidas partidas Todas as vítimas da capotagem na BR-020 ; uma das rodovias mais perigosas do DF, segundo o Detran ; eram amigos de infância. Naturais da pequena cidade piauiense de Santa Filomena, na divisa com o Maranhão, eles vieram para Brasília com o mesmo objetivo: estudar e procurar emprego. Evanio trabalhava como ajudante em um restaurante no Sudoeste e planejava fazer um curso superior de direito. Evanessa cursava o 2; ano do ensino médio no Centro de Ensino (CE) 3 do Guará e era secretária em um consultório odontológico da região. Gleicia estava no 1; ano do CE 3. O carro envolvido na tragédia foi um presente do pai dos quatro irmãos que estavam no veículo, em visita a Brasília há cerca de um mês. ;Ele deu o carro para facilitar a nossa vida, mas eu ainda ia tirar carteira de motorista;, revelou, muito abalada, a irmã mais velha das vítimas, Silvana Rodrigues, 26, que morava com os irmãos no Guará II. Pedro dirigia o veículo por ser o único habilitado da turma.