No dia em que o Distrito Federal acordou sem ônibus nas ruas o movimento no metrô foi duplicado. Nas primeiras horas da manhã desta segunda-feira (02/06) - das 6h às 10h - mais de 100 mil pessoas usaram o transporte ferroviário, segundo o Centro de Controle Operacional. Em dias normais, aproximadamente 50 mil habitantes são transportados no mesmo período. Por causa da paralisação dos ônibus, a Compainha do Metropolitano do DF montou um esquema especial: todos os trens entraram em operação a partir das 6h e não apenas no horário de pico, a partir das 7h.
De acordo com o diretor de Operações do Metrô, José Dimas, não houve registro de confusão. "A preocupação agora é com o horário de volta, quando o movimento é mais centralizado", afirma Dimas. As estações com maiores filas para comprar passagem no início da manhã eram as de Samambaia e a do Guará. Na volta para casa, mais bilheterias serão abertas nas estações Central e Galeria. Se for preciso, agentes e inspetores metroviários poderão restringir, para evitar tumulto, o acesso temporário aos usuários.
Paralisação
Os nove mil motoristas e cobradores do DF paralisaram as atividades nesta segunda-feira para chamar a atenção dos responsáveis pelas empresas de ônibus. Dentre as reivindicações, estão o reajuste salarial de 20%, a redução da jornada de trabalho de 40 horas semanais para 36, o fim das cobranças relativas a assaltos (motoristas e cobradores arcam com a prejuízo causado pelos bandidos) e o fim da meia jornada (os rodoviários realizam de uma a quatro horas-extras por dia).
Desde as primeiras horas da manhã, veículos do sistema de transporte alternativo e vans piratas, além de carros de passeio, atendem aos passageiros nas paradas. Em Ceilândia, as paradas de ônibus do setor P Sul ficaram cheias de pessoas, mas no Setor O, em Samambaia e Santa Maria a situação foi tranqüila.
Liminar da Justiça
A decisão de paralisar as atividades foi ratificada neste domingo (01/06) em assembléia que contou com 4 mil pessoas, conforme afirma o Sindicato dos Rodoviários do DF. Os trabalhadores anunciaram ainda que toda a frota iria parar. A decisão contraria liminar expedida pela Justiça, a pedido do procurador do Ministério Público do Trabalho Valdir Pereira da Silva, que exige que 60% dos veículos de cada linha permaneçam circulando. Cientes da obrigação de pagar a multa ; que é R$ 100 mil por dia -, motoristas e cobradores autorizaram o Sindicato a recolher o equivalente a um dia de trabalho de seus salários.
A versão do presidente do sindicato, Saul Araújo, é outra na manhã desta segunda-feira. Ele garante que a orientação é de que a liminar da Justiça seja acatada, mas muitos trabalhadores estão apreensivos em ir para as ruas: "Tem motorista e cobrador com medo de sair porque a população pode se tornar hostil já que há falta de ônibus". Saul confirma, entretanto, que se as negociações não avançarem, a partir da próxima segunda-feira (09/06) uma greve geral será deflagrada por tempo indeterminado. "Nós demos todos os prazos e tivemos toda a vontade de negociar com os empresários, mas é difícil", lamenta. Ele afirma que amanhã o movimento será normal.