Tudo pela saúde e em defesa da vida. O tempo em que fumar era associado a glamour já passou e o cigarro ficou brega, perdeu de vez o charme e desceu dos pedestais da glória para dar espaço a uma nova geração de pessoas que se preocupam com o corpo e o futuro. Quem se declara hoje ex-fumante logo faz questão de espalhar que deixou o vício. E os praticantes, por sua vez, estão cada dia mais acuados.
Hoje, Dia Mundial sem Tabaco, campanhas de alerta se alastram por todo o mundo com uma idéia-padrão: parar de fumar. E a onda de largar o hábito começou pra valer em 1988, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) criou a data.
No Distrito Federal, a Secretaria de Saúde recebe em média, todo mês, 300 pacientes em seus programas antitabagismo desenvolvidos em 36 centros. Ao longo do tratamento, 90% conseguem parar de fumar. Desses, 20% retomam o hábito em menos de um ano. A equipe formada por cerca de 120 profissionais da área de saúde garante que as recaídas são normais. E dá a dica: quem consegue ficar um ano ;limpo; costuma largar o vício para sempre.
O técnico em informática Carlos Rodrigues Macedo, 47 anos, quer fazer parte do grupo de ex-fumantes definitivos. Em setembro, ele completará dois anos sem um único trago. E nem pensa em voltar. ;Gostava muito de fumar, mas sei que não vale a pena;, comenta Macedo.
Dados da OMS apontam que 90% dos fumantes começam a fumar antes dos 19 anos. E que quatro em cada 10 pessoas que experimentam o cigarro se tornam dependentes dele. Carlos gastava pelo menos R$ 100 por mês com o vício. Agora credita a economia que está sendo forçado a fazer ao programa da Secretaria de Saúde.
Quem deseja participar dos grupos às vezes precisa esperar até dois meses. A demora, mostram os números, pode valer a pena. Assim que surgem vagas, o dependente começa a freqüentar as reuniões. No primeiro mês, são quatro. Depois, elas passam a ser quinzenais e, mais à frente, bimestrais. Em um ano, se o fumante se mantiver firme na proposta, recebe alta.
;Na maioria das vezes, o pessoal já está preparado para parar antes disso;, ressalta o coordenador do programa, o pneumologista Celso Rodrigues. ;O tabagismo é uma doença. É disso que o fumante precisa ter consciência;, completa.
Taguatinga
O Dia Mundial sem Tabaco teve uma bela prévia na manhã de ontem. Às 8h30, estudantes do Centro Educacional Católica de Brasília estavam a postos em frente à escola, no Pistão Sul, em Taguatinga, para distribuir cartilhas e adesivos a quem passasse por ali.
Em cerca de uma hora, pelo menos 200 carros, vans e ônibus foram parados para que os alunos orientassem motoristas e passageiros sobre os perigos do fumo. Pouco mais tarde, outro grupo de adolescentes percorreu a Universidade Católica (UCB) para uma tradição que se repete há sete anos consecutivos: entregar pirulitos em troca de cigarros.
O catador Luiz Carlos de Paula, 43 anos, que estava de bicicleta na entrada da universidade, foi pego de surpresa pela meninada. Teve que se desfazer do último cigarro que tinha para ganhar o pirulito em forma de coração. ;Fumar faz muito mal;, deu uma bronca nele o menino Wilson Barroso Neto, de 10 anos. ;Eu sei, estou tentando parar, mas é difícil;, tentou se justificar Luiz Carlos.
;Eu não fumo porque o cigarro não me atrai e vai causar mal à minha saúde;, ensinou toda compenetrada Natália Cristina de Vasconcelos, 11. ;Se algum dia algum desses meninos se tornar fumante, não vai ser por falta de informação;, orgulhava-se o idealizador do projeto, o professor de biologia Vicente Crivellaro.
Pare de fumar - 0800-611997- telefone do programa antitabagismo da Secretaria de Saúde.