Jornal Correio Braziliense

Cidades

Dengue avança por Goiás

Luziânia entrou para a lista dos 10 municípios goianos com maior número de notificações da doença. Autoridades alertam que números ainda devem subir em junho, apesar de a seca já ter começado

Diferentemente do previsto pelas autoridades de saúde, o início da estiagem não pôs fim à epidemia de dengue em Goiás. A doença continua a se alastrar pelos municípios vizinhos ao Distrito Federal. Pela primeira vez no ano, uma localidade do Entorno entrou na lista das 10 cidades goianas com maior número de notificações. Até o último dia 17, Luziânia tinha 358 casos da doença (confira arte). Enquanto a capital do país reduziu em 34,3% os casos de dengue confirmados nos cinco primeiros meses de 2008, em relação ao mesmo período de 2007, Goiás registrou aumento de 157%. No DF, houve 326 infecções até 17 de maio contra 496 em 2007. Em Goiás, foram 28.816 este ano e 11.191 no ano passado: a dengue matou 12 pessoas em 2008 e 18 em 2007. As autoridades goianas alertam que novos casos ainda devem ser registrados ao longo do próximo mês, mesmo com a seca. ;Este aumento é explicado pelo tempo de vida útil do mosquito Aedes aegypti, que dura cerca de 30 dias. Os ovos não estão mais eclodindo, mas ainda há mosquitos vivos e contaminados e a população deve continuar com seus cuidados;, explica a gerente de Vigilância Epidemiológica de Goiás, Magna Maria de Carvalho. A 57km do Plano Piloto, Luziânia é a cidade goiana do Entorno com o maior número de casos de dengue registrados este ano. E as 358 notificações computadas pela Secretaria de Saúde de Goiás até 17 de maio subiram para 461, no balanço feito pela Secretaria de Saúde do município até o último dia 26. Em todo o ano passado, foram 98 registros. A dona-de-casa Cleidiane Ventura de Araújo, 28 anos, está internada no Hospital Regional de Luziânia desde a última segunda-feira. Sente fortes dores pelo corpo e na cabeça, febre e enjôos. A suspeita é de dengue. Os sinais surgiram cinco dias antes da internação. ;Achei que era uma gripe. Dois dias depois, fui ao posto de saúde e a médica aplicou uma injeção. Mas assim que o efeito passou, as dores voltaram;, lembrou. Cleidiane procurou o hospital domingo passado. Após ser novamente medicada, retornou para casa. ;Na segunda-feira, não agüentei e voltei ao hospital. Minhas plaquetas estavam baixas e eles me internaram;, contou. O exame específico que vai detectar a doença é realizado na capital goiana e chegará às mãos de Cleidiane em três semanas. A aposentada Eunice Ferreira de Abreu, 62, viveu a mesma angústia. Por 15 dias, ela sofreu com dores pelo corpo e enjôos. Em 24 de março, Eunice acordou com dificuldades para urinar, mas, como de costume, seguiu para a academia de ginástica. ;Quando olhei as escadas, desisti. Voltei para casa sentido calafrios;, comentou. Como também sentiu febre, ela procurou um hospital, foi medicada e mandada embora. Mas, em casa, começou a vomitar e chegou a desmaiar. Voltou ao hospital e ficou três dias internada. ;Estou curada. E quase 30 dias depois do primeiro sintoma tive a certeza de que era dengue. Mas eu fiquei com muito medo. A cidade inteira está;, disse.