Jornal Correio Braziliense

Cidades

Caso Bargaço: polícia investiga grupo de extermínio

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A polícia investiga o envolvimento de um grupo de extermínio formado por policiais militares goianos no assassinato do empresário Leonel Evaristo da Rocha, 62 anos, proprietário da rede de restaurantes Bargaço. Fontes ligadas à polícia afirmam que os dois PMs de Aparecida de Goiânia (GO), suspeitos de serem os executores, integram uma rede de mercenários que matam pessoas ; inocentes ou bandidos ; por dinheiro. Depoimentos e laudos periciais analisados até o momento reforçam o envolvimento dos militares no crime e a sua ligação com o gerente do Bargaço, Luzivan Farias da Silva, 33, que teve a prisão temporária prorrogada por mais 30 dias.


A Justiça decretou o prolongamento da prisão horas antes do feriado. O prazo da primeira detenção, concedida em 25 de abril, venceria neste domingo. Segundo o delegado-chefe da 11; DP (Núcleo Bandeirante), Bartolomeu Araújo, a permanência do gerente na cadeia é essencial. ;Colhemos elementos que derrubaram a versão que contou. Mantê-lo detido até os novos depoimentos, previstos para a próxima semana, é fundamental para a investigação;, explicou. Luzivan é o único preso desde o início da apuração policial. Bartolomeu preferiu não dar mais detalhes sobre a investigação.

No entanto, a suspeita do envolvimento dos militares goianos no crime aumentou após depoimento de uma testemunha que reconheceu um deles em uma fotografia. Ela trabalha como vigia e estava próxima ao local do crime no momento da execução. Na casa dos PMs, a polícia encontrou os celulares da vítima e do gerente, além do Corsa branco supostamente usado na execução. ;Eles estão envolvidos em um grupo de policiais que matam por encomenda. São mais de 100 mortes por ano;, revelou uma fonte vinculada ao caso, que preferiu não se identificar. Os nomes dos suspeitos são mantido em sigilo para não prejudicar a apuração.

Medidas administrativas
A Polícia Militar de Goiás espera receber oficialmente o relatório de investigação da Polícia Civil do DF para dar início às medidas administrativas necessárias em relação aos PMs goianos. ;Até agora vemos como especulação. Não recebemos nenhum tipo de documento, embora nosso corregedor já acompanhe o caso;, afirmou o tenente-coronel Sérgio Mendes, assessor de Comunicação da PM de Goiás.

O homicídio ocorreu na noite de 15 de abril, na BR-450, pouco depois do ParkShopping. Luzivan contou à polícia que dois homens armados abordaram o Corsa prata em que ele seguia com o patrão e os obrigaram a parar no acostamento. Segundo o gerente, houve uma tentativa malsucedida de assalto e ele estava de costas no momento em que os criminosos deram três tiros no rosto de Leonel. O gerente não disse, porém, que o carro deles foi interceptado por um Corsa branco logo depois do crime: cena narrada pelo vigia de um posto de combustíveis localizado ao lado do local do crime.