A maior parte dos motoristas e cobradores de ônibus que estavam de braços cruzados na manhã desta terça-feira (20/05) voltou ao trabalho. O motivo da mobilização era o não-recebimento do valor referente à cesta básica, de R$ 87, que deveria ter sido creditado hoje cedo na conta dos trabalhadores.
Depois da manhã com paradas de ônibus lotadas em todo o DF, os donos das empresas garantiram que vão depositar o benefício até às 15h. Por isso, os rodoviários voltaram a trabalhar. Apenas os funcionários da Planeta ainda estão parados, porque a categoria não teve confirmado o depósito. A empresa - responsável pelas linhas Satélite, Planeta, Cidade Brasília e Pioneira - cobre as duas cidades satélites mais populosas do DF, Ceilândia e Taguatinga. Os motoristas e cobradores garantem que só voltam ao trabalho quando receberem o dinheiro.
O diretor de comunicação do Sindicato dos Rodoviários, Lúcio Lima, afirma que se o dinheiro não entrar até às 15h, os rodoviários podem parar novamente. "É uma irresponsabilidade das empresas deixar a população sem ônibus. Mas elas só pensam em lucro e, diante do prejuízo de ficar uma manhã sem passageiros, decidiram creditar a cesta básica", diz Lima.
A população do Distrito Federal ficou sem ônibus em várias rotas desde às 7h30, quando a primeita linha, de Samambaia, deixou de funcionar. No centro de Brasília e de Taguatinga, a espera por um ônibus chegou a mais de duas horas.
Visão do governo
O secretário de Transportes do DF, Alberto Fraga, diz compreender a paralisação dos motoristas e cobradores e afirma ser uma irresponsabilidade dos donos das empresas de ônibus suspender o benefício. "Os empresários deixaram de depositar de próposito. Eles querem usar os rodoviários para pressionar o governo e conseguir aumento de tarifas", acusa Fraga, que diz já ter conversado com Lúcio Lima e com empresários nesta manhã. O secretário garantiu que só continuaria a conversa com os donos das empresas depois que o depósito fosse feito.
"Já estou de tampa cheia com eles. É muito difícil negociar porque esses empresários têm uma ganância acima do normal, só pensam em lucro", diz Fraga. "Os poucos direitos que os motoristas e cobradores têm, eles querem tirar. Não se mexe no que já ganhou. O governo precisa apertar, e muito, esses empresários", acrescenta.
A reportagem tenta contato telefônico com o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros e das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros do Distrito Federal (SETRANSP/DF) e aguarda retorno para comentar o assunto.