Para amenizar o problema dos congestionamentos, o governo prepara uma nova política de trânsito para o Distrito Federal. E com isso, o brasiliense perderá uma de uma de suas opções preferidas de lazer ; o fechamento do Eixão para o trânsito de veículos nos domingos e feriados. A preocupação do GDF é o aumento da frota, que está prestes a alcançar um milhão de veículos, o equivalente a uma média de 2,5 carros por habitante.
Em audiência pública realizada nesta quarta-feira (14/05) na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o secretário de Transportes, Alberto Fraga, ironizou a preferência do brasiliense pelas caminhadas e passeios de bicicleta no Eixão, desde 1991, quando teve início o fechamento da via: ;Não é possível causar transtorno no trânsito da cidade para nem 100 pessoas passearem com cachorrinho;, desdenhou Fraga.
No fim do ano passado, porém, quando o Departamento de Estradas e Rodagem (DER) anunciou que, o Eixão não seria fechado em 2008 por conta das obras na BR-450 ; a Estrada Parque Indústria e Abastecimento (Epia) ;, a população reagiu à medida. Abaixo-assinado organizado pela da organização não-governamental (ONG) Rodas da Paz reuniu mais de duas mil assinaturas contra a reabertura da via e o governo foi obrigado a voltar atrás .
A nova tentativa de reabrir o Eixão não surpreende o presidente do Rodas da Paz, Maurício Gonçalves. Para ele, a construção do canteiro central no Eixão, anunciada recentemente, já é um pré-anúncio do fim do Eixão do Lazer. ;Está tudo arquitetado. É uma pena. A cidade vai ficar ainda mais engessada e menos humana;, lamenta Gonçalves.
Com o aumento avassalador da frota do DF, porém, o secretário de Transportes acredita que o fechamento do Eixão, mesmo aos domingos e feriados, não faz mais sentido. Segundo ele, o fim do Eixão do Lazer é uma questão de tempo. No pacote da nova política de trânsito, o governador José Roberto Arruda deverá anunciar a medida, que promete causar polêmica. Inicialmente, pedestres e ciclistas só poderão usar o Eixão das 6h às 12h (atualmente o horário se estende até as 18h). Mas a tendência é que a iniciativa criada em 1991 acabe de vez.
Blitzes
Outra medida que integrará a nova política de trânsito do DF é o fim das blitzes durante o dia. O secretário Alberto Fraga descartou a possibilidade da adoção do rodízio de veículos e pediu paciência à população. Ainda não há data certa para o anúncio da nova política, mas as reuniões para discutir as mudanças estão adiantadas. ;Temos que saber o que vai ser da nossa vida com um milhão de carros na rua;, disse o secretário. ;Se alguém tem uma fórmula mágica para resolver os congestionamentos, que nos aponte. A população terá que ter paciência;, enfatizou.
Fraga deixou claro que as blitzes durante o dia estão com os dias contados. A orientação ao Batalhão de Trânsito da Polícia Militar e ao Departamento de Trânsito (Detran) será realizar esse tipo de fiscalização apenas nas madrugadas. ;Qualquer ação como essa dificulta o tráfego. Não vamos admitir blitzes em horários de pico só para mostrar serviço;, argumentou.
O secretário aproveitou para defender o aumento do valor das multas ; o que só pode ser feito por meio de projeto de lei. Em 2007, o Detran-DF aplicou 369 mil multas. Este ano já foram 75 mil. ;Não se trata de criar uma indústria de multas. Mas tem gente que coleciona penalidades e continua circulando. Temos que ser mais duros;, justificou.