Os elementos mais fortes na investigação do caso Isabela Tainara passam por depoimentos de pessoas ligadas ao ex-gari Michael Davi Ezequiel dos Santos, 21 anos. A primeira vez que a polícia se deparou com o nome dele ocorreu em novembro de 2007, após uma denúncia anônima. Os investigadores apuraram a informação e descobriram que uma adolescente próxima ao suspeito poderia saber de algo. Segundo a Coordenadoria de Crimes Contra a Vida (Corvida) da Polícia Civil, a garota revelou que Michael lhe telefonou em 30 de junho, um dia depois que policiais localizaram os restos mortais da garota em um matagal de Samambaia.
[VIDEO1]A testemunha contou que o ex-gari parecia nervoso na ligação e pediu para conversarem pessoalmente. Marcou um encontro para o dia seguinte, quando teria admitido a participação no crime. Em julho, a mesma moça encontrou a namorada de Michael a caminho da escola. E contou o que ele havia confessado. ;A namorada foi ouvida por uma psicóloga do colégio. Narrou a mesma história para ela e, no final do ano passado, para a polícia. Começamos a monitorar o suspeito;, afirmou o delegado Eucimar Loli, que presidiu o inquérito. Michael acabou preso temporariamente em março deste ano.
Outras informações fornecidas pelo ex-gari reforçaram a suspeita da participação dele no crime. Sabia, por exemplo, cores e marcas das roupas e tênis usados por Isabela Tainara no dia do assassinato. Disse também que o celular dela estava dentro de um estojo. E que a ligação atendida pela vítima pouco depois do seqüestro havia sido feita pela mãe, Edite Faria.
Para o delegado Loli, os dados incriminam o acusado. ;Ele (o ex-gari) trouxe detalhes do crime que só o autor poderia saber. Ainda assim, tentou se eximir da responsabilidade, dizendo que não participou da morte e do estupro;, afirmou. Apesar dos detalhes, a polícia garante que Michael mentiu. Deu nomes e endereços falsos de comparsas e inventou o uso de um Santana preto. Os investigadores apreenderam o veículo, mas não encontraram vestígios da menina nele.
[VIDEO2]Os agentes também contaram com interceptações telefônicas para indiciar o acusado. Algumas revelam um Michael preocupado com a repercussão do crime. Ele ligou para conhecidos pedindo que negassem conhecê-lo caso alguém perguntasse. Ainda não está claro se o acusado conhecia Isabela. Apesar de a polícia alegar que houve um crime eventual cometido por quem não conhecia a vítima, o ex-gari mora a poucos metros da casa de parentes da menina. Divide uma casa simples com a mãe e três irmãos. Sustentava a todos com salário de R$ 450.
A polícia gravou as confissões de Michael. Mas, durante a apresentação dele à imprensa, negou qualquer envolvimento no caso. E ainda disse que sofreu agressões dos policiais na delegacia. A Polícia Civil nega qualquer agressão contra o acusado. Além disso, segundo o diretor-geral da corporação, Cleber Monteiro, as investigações devem continuar. ;Mesmo com o fim do inquérito, ainda há algumas perguntas para responder;, reconheceu ele (leia quadro).
Família
Os familiares de Isabela Tainara evitaram comentar a conclusão do inquérito policial. Mas o irmão da menina, Israel de Faria, adiantou que eles nunca ouviram falar de Michael Davi. ;Temos uma série de motivos pelos quais preferimos aguardar um pouco. Precisamos conversar entre nós antes de fazer qualquer pronunciamento;, afirmou. O pai de Isabela, Messias Raimundo Faria, também conversou rapidamente com o Correio pelo telefone e disse que não gostaria de falar sobre o caso. ;Essa exposição toda machuca a gente;, encerrou.