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Dono da lancha reafirma que colisão foi à noite

Novo depoimento sobre o acidente náutico no Lago Paranoá que culminou na morte de capitão do Exército indica que estava escuro no momento da colisão

Novo depoimento sobre o acidente náutico no Lago Paranoá que culminou na morte do capitão do Exército Luiz Antônio de Mattos Lima, 38 anos, na última quinta-feira, indica que estava escuro no momento da batida entre a lancha Old Saylor e o barco de pesca Tira Onda. A investigação policial tem se centrado na definição do horário exato da colisão para esclarecer qual das embarcações foi negligente. Caso seja comprovado que já era noite, o barco de pesca não deveria estar no lago. Se, ao contrário, estivesse claro, então será necessário descobrir por que o piloto da lancha não o enxergou. A testemunha ouvida ontem na 5; Delegacia (área central de Brasília) afirmou ter passado de barco pelo local da tragédia minutos após o ocorrido e que não havia claridade suficiente na área.

O dono da lancha, o técnico em telecomunicações Carlos Eduardo Almeida, 31 anos, prestou depoimento novamente na tarde de ontem. Ele manteve a versão que apresentou no dia do acidente. ;Não tem o que mudar. Estava escuro e não deu para visualizar ninguém;, afirmou. Ele explicou que as luzes da lancha estavam ligadas, mas que elas servem mais para que outras embarcações a vejam do que para iluminar o caminho. ;O barco deles não tinha nenhuma iluminação;, ressaltou. O técnico disse que se mantinha próximo às margens do lago porque estava com pouco combustível.

Homicídio culposo
;Estamos em busca de outras testemunhas que nos ajudem a esclarecer a questão da hora da colisão. Destaquei uma equipe para descobrir se alguém da guarda presidencial viu o que aconteceu, já que o choque ocorreu em frente ao Palácio da Alvorada;, contou o delegado Damião Lemos, titular da 5; DP. A polícia também entrou em contato com outra testemunha importante ontem. O dono de um veleiro que teria presenciado o acidente deve prestar depoimento hoje, às 10h. O caso é tratado como homicídio culposo (sem intenção de matar), que tem pena de dois a quatro anos de prisão.

Na versão do dono do barco, o funcionário público Carlos Eduardo de Oliveira, 54 anos, ainda estava claro quando parou perto do Palácio da Alvorada a pedido do amigo, o capitão Luiz Antônio. Ele queria tirar fotos no local com a noiva, a assistente social Leizelane Aparecida Tenório, 30 anos, que morava na cidade havia dois meses. O funcionário público destacou que estava preocupado com o horário e que iria parar a embarcação no local mais próximo caso ficasse escuro. Segundo o delegado, já foi constatado que nenhum dos tripulantes do Tira Onda usava colete salva-vidas.

Além da morte do militar, o acidente deixou a noiva dele gravemente ferida. Ela foi retirada de baixo do barco pelo dono da lancha e levada pelos bombeiros ao Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), onde passou por cirurgia. Leizelane encontra-se na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do HBDF. Até o fechamento desta edição, ela continuava inconsciente e respirava com a ajuda de aparelhos.