Jornal Correio Braziliense

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Acidente DF-001: motorista volta à cadeia em 72 horas

Depois de liberar acusado de causar a colisão que matou cinco pessoas, delegado pede à Justiça a suspensão da fiança já paga e a prisão do motorista. Juiz tem três dias para avaliar o pedido

O motorista Igor de Rezende Borges, 25 anos, acusado pela polícia de ser o responsável pelo acidente na DF-001 que matou cinco pessoas, pode voltar para a cadeia em 72 horas, no máximo. Na tarde de ontem, os investigadores da 17; Delegacia de Polícia (Taguatinga Norte) entregaram o pedido de quebra de fiança do acusado ao Tribunal de Justiça de Taguatinga. Caso o juiz acate, Igor retorna automaticamente à prisão.

O juiz substituto da 3; Vara Criminal, Fábio Martins de Lima, recebeu o processo n; 123.05-3 e, ontem mesmo, repassou o documento ao Ministério Público. Depois de analisar os argumentos da polícia, o promotor responsável pelo caso faz o parecer e devolve o processo ao juiz, que decide se acata ou não o pedido da polícia. Até o início da noite de ontem, a assessoria do MP não tinha o nome do promotor que analisará o caso.

Igor pode voltar para a cadeia porque a polícia está convencida de que ele praticou homicídio doloso. Aquele em que o autor tem a intenção ou assume o risco de matar. Nesse caso, o acusado perde o benefício da fiança estipulado na esfera policial e prevalece a prisão em flagrante decretada ainda na madrugada de 27 de abril, quando ocorreu o acidente. Naquele dia, a acusação era de homicídio culposo e Igor pôde ser liberado após pagar fiança de R$ 2,5 mil.

A mudança na classificação do acidente ocorreu depois de a polícia ouvir os relatos de sobreviventes da tragédia. Entre eles, os amigos e a namorada de Igor. Ao comentar o caso, o delegado-chefe da 17; DP, Mauro Aguiar, afirmou que a atitude do motorista foi muito pior do que a de Paulo César Timponi. ;O Timponi estava fazendo um racha e, em uma manobra, bateu no carro da frente. Já o Igor, ignorou os alertas dos amigos. E ainda declarou que gostava de aventura;, afirmou Mauro Aguiar. O caso citado pelo delegado ocorreu em outubro do ano passado. O Golf dirigido por Paulo César Timponi bateu na traseira de um Corolla na Ponte JK. Com o impacto, três mulheres que estavam no banco de trás do Corolla foram arremessadas para fora do veículo e morreram na hora.

Em depoimento, um dos ocupantes do Peugeot dirigido por Igor contou que, momentos antes da batida, pediu ao condutor que parasse de fazer ziguezague na pista: ;Rapaz, faça isso não. É perigoso. Você pode bater em um carro e matar todo mundo;, alertou o jovem. A reposta de Igor teria sido: ;Qual é, cara? Preocupa não. Eu gosto é de aventura;. Ainda segundo as testemunhas, o motorista do Peugeot teria ingerido pelo menos 700ml de vodca. O laudo do IML apontou que ele bebeu antes da colisão. No local do acidente, havia uma garrafa da bebida cheia de sangue.

A equipe do Correio esteve na casa de Igor na tarde de ontem. Apesar de as janelas estarem abertas, ninguém atendeu a porta. Vizinhos comentaram que a família é bastante reservada. Apesar da repercussão do caso, alguns nem sabiam do envolvimento de Igor. O advogado do motorista, Otelino Dias do Nascimento, disse que o jovem está muito abalado e ainda sente dores no peito. ;Ele ainda não tem condição de falar. Mas vai contar sua versão da história. E não é essa que está circulando até agora;, garantiu.

Correndo na contramão
O laudo preliminar do Instituto de Criminalística (IC) traz duas revelações importantes: o Vectra estava na mão de direção. O Peugeot, além de invadir a pista contrária, trafegava em alta velocidade. As informações preliminares reforçam o depoimento prestado pela namorada de Igor, Greiciele Silva do Nascimento. Ela estava no banco da frente, disse à polícia que Igor dirigia a mais de 100km/h e invadiu a contramão da rodovia segundos antes de bater no Vectra.

Quatro das cinco pessoas que estavam no segundo carro, morreram na hora: o empresário e motorista do veículo Paulo José Louzeiro, 33 anos; Joseane Monteiro da Silva, 17; Elilde Costa de Almeida, 23; e Ana Telma da Silva, 24. O único sobrevivente do Vectra foi Paulo da Silva, 20. Ele saiu da Unidade de Terapia Intensiva, mas continua internado no Hospital de Base.

A cunhada de Paulo, Sebastiana Campos, 27, afirmou que o jovem já anda e fala normalmente. Mas não se lembra dos momentos que antecederam o acidente. ;Ele recorda-se de ter saído da festa. Mais nada;, comentou. A família do rapaz volta hoje para Brasília. Eles estavam no enterro de Ana Telma, irmã de Paulo, no interior do Maranhão. Dos quatro ocupantes do Peugeot, uma morreu: Ingrid Martins Castro, 17, que chegou a ficar cinco dias hospitalizada.