Foi adiado, a pedido da família, o enterro de Joseane Monteiro da Silva, 17 anos, quarta vítima do acidente na DF-001. O sepultamento seria realizado na manhã desta quarta-feira (30/01) no Cemitério de Taguatinga, mas foi remarcado para as 14h30. A chegada do corpo da estudante está prevista para as 12h30, para ser velado na capela 2.
Até a tarde de ontem, a mãe de Joseane, a dona-de-casa Maria Neusa Monteiro, 42 anos, não havia conseguido fazer uma despedida apropriada da filha. ;Ainda nem me deixaram ver o corpo da minha menina;, lamentou, na porta do Instituto de Medicina Legal (IML). Ao lado dela, o pai da garota, o pescador João Nazaré da Silva, 42, permanecia mudo e cabisbaixo. O problema é que a jovem não tinha carteira de identidade, o que impediu o reconhecimento por meio das digitais, dificultou o registro no IML e, conseqüentemente, a liberação do corpo.
A família também não aceitou enterrá-la como indigente. Irmãos e amigos da vítima passaram os últimos três dias tentando mudar a situação, de forma que Joseane seja enterrada com dignidade. A solução para o problema só apareceu no fim da tarde de ontem. ;Será feito um teste de DNA para comprovar que Joseane é filha de Maria Neusa. O resultado deve sair em 15 dias;, explicou a empresária Iracema Loureiro, 43 anos, que é vizinha e amiga da vítima.
Para retirar o corpo da menina, os familiares receberam um número que também será usado para enterrá-la. O nome da vítima só poderá ser colocado em sua lápide após a emissão do certificado de óbito, que será emitido em um prazo de 20 dias. ;Não vamos enterrar um número. Para nós, ela sempre será Joseane;, destacou a mãe da jovem. A garota, que nasceu no Pará, veio para Brasília em busca de melhores oportunidades de trabalho e para estudar. Ela sonhava em se tornar uma policial. Para tanto, fazia supletivo de noite e trabalhava como vendedora em uma loja de bijuterias durante o dia.
A família de Ana Telma da Silva enfrentou drama semelhante. A moça também foi registrada com origem ignorada no IML porque perdeu todos os documentos três meses antes do acidente na DF-001. O irmão dela, o produtor rural Antônio Dárcio da Silva, 32, fez o que pôde para tentar mudar a situação. ;Mas não teve jeito. Corri tudo que tinha que correr e vou ter que tirar o corpo dela como se fosse indigente mesmo;, reclamou. Ele pretende enterrar a irmã em Brejinho (MA), mesmo com a dificuldade para arrecadar dinheiro suficiente ao transporte e sepultamento do corpo. Dos R$ 3,5 mil necessários, ele só conseguiu R$ 1 mil até ontem. ;Se for preciso me endividar, que seja de uma vez. O importante é que minha irmã descanse em paz;, concluiu.