Jornal Correio Braziliense

Cidades

Clube do Choro recebe título de patrimônio imaterial

Templo do ritmo em Brasília recebe reconhecimento mais que merecido. História do espaço, fundado em 1977, se confunde com a da própria capital

O choro, ritmo que consagrou Pixinguinha como um dos mestres da música popular brasileira, tem um espaço reservado em Brasília que já é referência nacional: o Clube do Choro. Hoje (29/05), o local foi transformado em patrimônio imaterial do Distrito Federal. Genuinamente carioca, agora o choro também é brasiliense. Para um dos organizadores do festival Porão do Rock e diretor da Rádio Cultura de Brasília, Marcos Pinheiro, o tombamento do Clube do Choro como bem imaterial significa a transformação de uma cidade que, por muitos anos, foi tida como a capital do rock e que hoje reconhece a existência de outras culturas. ;Brasília foi considerada por muitos anos a capital do rock, mas também há muitos anos outras manifestações musicais têm tomado conta e Brasília tem sido pólo do choro, do chorinho, principalmente por causa do Clube do Choro e de artistas como Hamilton de Holanda e Gabriel Grossi, que estão exportando essa música de Brasília para o Brasil e para o mundo;, define. Laços cariocas A história do Clube do Choro se confunde com a história da própria capital. Brasília serviu como pólo de atração de pessoas de todo o país quando foi fundada, em 1960. Entre os que vieram, estavam os funcionários da administração pública federal ; que tinha sede no Rio de Janeiro (RJ). Com eles, veio o choro. Em 1977, o então governador do Distrito Federal, Elmo Serejo Farias, cedeu o antigo vestiário do Centro de Convenções Ulisses Guimarães aos chorões que se reuniam informalmente e se apresentavam em espaços públicos. Ali se formou o clube, hoje referência nacional em ensino da música popular brasileira. Para o secretário adjunto de Cultura do DF, Beto Sales, o reconhecimento é uma dívida paga e uma resposta ao anseio de toda a sociedade brasiliense. ;O Clube do Choro é uma das instituições mais tradicionais de Brasília e lida com uma das formas de expressão artística mais brasileiras, que é o choro, que funciona numa fronteira entre o popular e o erudito. O reconhecimento do clube nada mais é do que uma obrigação de Brasília;, defende. O decreto foi assinado durante cerimônia na Sala Villa Lobos do Teatro Nacional Cláudio Santoro e contou com a presença do governador do DF, José Roberto Arruda, do ministro da Educação, Fernando Haddad, e de autoridades e artistas da cidade.