Jornal Correio Braziliense

Cidades

Ampliação da Escola Superior de Saúde do GDF gera divergência

Alunos da faculdade reclamam da utilização do prédio para abrigar um centro que atende crianças especiais, enquanto mães querem manter a localização. Governo deve anunciar decisão na quarta

A inauguração das novas salas de aula da Escola Superior de Ciências da Saúde (Escs) foi marcada por confronto de opiniões entre estudantes, governo e beneficiados por um programa que funcionava no edifício. Durante a tarde desta terça-feira, cerca de 50 alunos protestaram contra a permanência do Centro de Orientação Médico Psicopedagógica (Compp) no espaço recém-reformado, dentro da faculdade. Para eles, se isso ocorrer, ficará caracterizado desvio de finalidade de verba, já que R$ 3,2 milhões dos R$ 4,1 milhões investidos, vieram do Ministério da Educação (MEC). Os estudantes protestaram com narizes de palhaço e batucada. Já as mães dos assistidos no centro querem que o atendimento seja mantido na Escs e levaram faixas demonstrando a insatisfação. O governador José Roberto Arruda deve anunciar a solução para o caso nesta quarta-feira.

Das 22 salas, 12 são totalmente novas e 10 foram aproveitadas de espaços já existentes. O Compp, segundo o presidente da Associação dos Docentes da Escs, ocupava cinco salas. Por causa da reforma, o Compp foi deslocado para a Escola Normal de Brasília, na Asa Sul. A transferência desagradou as mães porque o espaço é improvisado. "O atendimento ocorre no corredor. Não tem sala individual", disse Alexandra Capone, presidente do Movimento Orgulho Altista Brasil. O grupo denunciou o caso ao Ministério Público.

Em entendimento com o GDF, foi assinado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), em que o governo se compromete a reconduzir o Compp para o prédio da Escs assim que a reforma fosse concluída. Para os estudantes, o TAC é inconstitucional. Ao garantir o funcionamento do Compp no prédio da faculdade, os estudantes perderam benefícios que melhorariam a estrutura de ensino.

Decisão na quarta-feira

O governador José Roberto Arruda determinou ao diretor Executivo Interino da Fepecs (mantenedora da Escs), José Rubens Iglesias, e ao diretor da Escs, Murad Ibrahim Belaciano, que se reunissem no início da noite com as mães das crianças atendidas no Compp e com o representantes do Diretório Central de Estudantes (DCE) da faculdade, para se chegar a um acordo. De acordo com Iglesias, ao contrário do que foi dito pelos alunos, o prédio não foi reformado com recursos do MEC, mas com a contrapartida do GDF. ;O prédio está pronto para atender tanto ao Compp quanto aos estudantes.

Mas, como surgiu essa demanda, agora o governador vai estudar a melhor forma de resolver;, garante.No entanto, a diretora do Compp Marisa Cunha Ferraz afirmou que, para ocupar novamente a área, será preciso uma reforma de readequação do espaço, transformado em salas de aula. A informação também foi confirmada pelo presidente da Associação dos Docentes da Escs, Antônio César Paes Barbosa.

Ao ouvir as queixas, Arruda pediu, em público, a opinião do deputado federal Jofran Frejat (PTB) ; idealizador da Escs. O parlamentar pegou o microfone e aconselhou o governo a promover a descentralização do atendimento do Compp. Isso seria possível por meio de unidades instaladas em regiões administrativas estratégicas. Segundo ele, grande parte dos atendimentos do Compp é oferecida a pacientes das cidades ao redor de Brasília e isso facilitaria o acesso das famílias.

A proposta deve ser entregue ao governador nesta quarta-feira. ;Nessa disputa, os dois lados têm razão ; alunos e mães -, logo, caberá ao governo encontrar uma solução que traga o menor prejuízo possível para ambos;, afirmou Arruda. Só então, o governador tomará a decisão.