A França desembarcou no sambódromo do Anhembi em São Paulo, na noite deste sábado. O embaixador do país europeu no Brasil, Laurent Bili, além do cônsul e da consulesa, Damian e Alexandra Loras, acompanham a festa. O casal vai inclusive desfilar na Vai-Vai, escola campeã do ano passado e que entra na avenida pouco antes das 3h da madrugada com enredo que homenageia a França.
Damian destaca a oportunidade para o seu país democratizar a imagem e acessar a população brasileira de forma mais ampla. "Para a França, poder participar com a Vai-Vai desse evento é uma alegria, sem dúvida, e uma oportunidade enorme para divulgar, destacar a França, para um público mais amplo que a elite brasileira, que normalmente é o público da França. É uma oportunidade de democratizar a França no Brasil."
O cônsul, que participou da elaboração do desfile da escola ao longo do ano juntamente com sua esposa, inclusive com organização de visitas de integrantes da Vai-Vai à França, afirma que a participação no desfile pode aproximar os dois países e quebrar clichês ligados à imagem da França. "O desfile é um cartão postal da França. Esperamos com isso levar mais brasileiros a viajar para a França. O desfile também pode mostrar que há muitos pontos em comum entre França e Brasil. Temos índios, a França é também um país de miscigenação, mistura, não somos só ;branquinhos; nem só o clichê da moda, do luxo, temos também uma França moderna, inovadora."
A escola, vencedora do carnaval de 2015, vai levar à avenida também uma homenagem às vítimas dos atentados terroristas do ano passado, com alegorias e fantasias que fazem referência ao ataque à sede do semanário Charlie Hebdo, em 7 de janeiro, e à série de ataques nas ruas e bares parisienses na noite de 13 de novembro. "Todo esse desfile da Vai-Vai é uma maneira de apoiar a França, apoiar os valores comuns de liberdade, igualdade e fraternidade. Então esse desfile, os carros alegóricos, as fantasias vão ter uma parte importante dessa memória dos atentados. É uma maneira de dizer não ao terrorismo", afirmou Damian.
O cônsul se prepara para fazer a abertura na avenida, mas diz que a escola não poderá contar com suas habilidades no samba. "Não sei sambar, vou só abrir o desfile, espero que não tenha que sambar, se não vamos perder", brincou.
Já sua esposa, a consulesa Alexandra Damian, diz já ter acompanhado várias vezes o carnaval no Rio e em São Paulo e estar preparada para sambar. "Tenho samba no pé", afirmou confiante. Ela relata adorar o Brasil, tanto que o casal pediu uma extensão de um ano após passado o período regular de três anos da representação no País.
"Acho incrível quando as pessoas falam que o carnaval do Rio é 10 mil vezes melhor, eu não concordo. Acho que o carnaval de São Paulo é maravilhoso também e fico triste quando escuto de pessoas de São Paulo que nunca foram ver o seu carnaval", disse a consulesa.
Assim como seu marido, Alexandra falou da emoção da homenagem à França após um 2015 que o País foi marcado por terríveis atentados. "Depois do que aconteceu no ano passado, em janeiro e em novembro, é muito forte para mim emocionalmente ver que a Vai-Vai, campeã do ano passado, homenageia a França. Vou desfilar e vou dar meu melhor, vai que vai, somos Vai-Vai, vamos ganhar."
Alexandra também se emociona ao dizer que o carnaval brasileiro é uma festa impressionante, impecável em termos de produção, e feita pela população chamada de "carente". Ela diz que a festa mostra que o Brasil é resiliente, otimista e tem tudo para figurar entre as potências mundiais. "Quando vejo essa produção, que é a maior produção de criatividade, sai na hora, tudo cronometrado, impecável, tudo dá certo, e é feito por essas pessoas que chamamos de ;carentes;, por essa população que ganha menos de R$ 2 mil por mês, num país de desigualdade econômica enorme. Quando vejo essa produção, tenho muita fé no Brasil."