postado em 06/02/2016 06:00
O carnaval de Brasília começa, a partir de hoje, com a expectativa de ser um dos maiores desde que a folia começou a ser celebrada na cidade. Tanto em público quanto em empolgação, a edição deste ano tem tudo para ser uma das referências para o cenário cultural do território. São 81 blocos de rua, entre os tradicionais e os da nova geração, com um objetivo em comum: levar a alegria para quadras e gramados. Paralelamente à diversão, a festa traz à tona as discussões sobre violência nas ruas e convivência comunitária. Esses aspectos são representados por duas situações: o homicídio de Wesley Sandrikis Gonçalves, em um bloco de pré-carnaval, em 30 de janeiro, e o debate sobre a Lei do Silêncio, que estipula limites bastante rígidos para o som ecoar.
O máximo de 55 decibéis durante o dia e 50 decibéis à noite gerou controvérsia e impulsionou movimentos de contestação à legislação atual. O Bloco das Divinas Tetas, que estreia na segunda-feira, quer levar o tropicalismo para o asfalto e pede bom senso na hora de conciliar os interesses polarizados. ;Música não é barulho, cultura não é bagunça. Ela é extremamente importante para que uma cidade se desenvolva;, defende Adolfo Neto, 37 anos. Ele e três amigos organizam o movimento, no Setor Bancário Sul, para tocar músicas de uma das fases mais criativas da música brasileira. ;O bloco surgiu sob influência do Balaio Café, que fez a coisa acontecer no cenário cultural de Brasília;, destaca Neto como diferencial do grupo.
Para o publicitário, o carnaval vai ser um bom momento para debater a Lei do Silêncio. ;Existe uma intolerância muito grande. A discussão tem que ser feita com bom senso dos dois lados;, afirma. Em alguns casos, a intolerância citada por Neto foi rebatida com ironia fina, a exemplo do bloco Me engole que sou jiló. Na segunda-feira, o grupo se concentrou na Praça dos Prazeres, ao lado do polêmico Balaio Café, para se posicionar contra a lei. Sem licença eventual nem aparelhos de som ; desligados a pedido da fiscalização do GDF ;, os foliões foram até a passarela subterrânea da 102 Norte para cantar contra o silêncio imposto. Até uma personagem foi criada: a Lady Silêncio, com direito a grito de guerra.
Carnaval de paz
Com mais pessoas na rua, o tema segurança também ganhou destaque. Ele foi impulsionado pelo homicídio de Wesley Sandrikis Gonçalves, 29 anos, durante o bloco Encosta que cresce, na Funarte, em 30 de janeiro. A preocupação em relação à proteção e à integridade física durante a festa rondou a cabeça dos foliões. Não à toa, garantir a tranquilidade dos foliões se tornou uma das preocupações centrais do Babydoll de Nylon, bloco que espera reunir 60 mil pessoas, a partir das 13h de hoje, na Praça do Cruzeiro.
De acordo com David Murad, um dos organizadores do grupo, a ampliação do esquema de segurança começou a ser pensada com antecedência. ;Assim que acabou o Babydoll do ano passado, começamos as conversas com a Secretaria de Segurança Pública sobre a edição de 2016. Nos últimos três ou quatro meses, intensificamos a produção;, explica. Segundo Murad, a proposta é manter a tradição pacifista do bloco.
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