Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam que focos de queimada na Amazônia aumentaram 27,9% no mês de julho, em relação ao mesmo período de 2019, com 6803 focos de incêndio. O número é também 42% mais elevado que julho de 2018, mas é menor que 2017. O aumento se dá em meio a uma crise ambiental, com empresários e investidores do Brasil e fora cobrando o país por ações que reduzam os indícios de degradação do bioma.
Na série histórica do instituto, desde 1998, o mês de julho com mais queimada na Amazônia foi em 2005, com 19.364 focos, seguida por julho de 2017, quando houve 7.986 focos. Como já noticiado, junho deste ano também teve um aumento em relação ao mesmo período do ano passado, tendo sido o mês com mais focos desde 2007.
Apesar do aumento em junho, observando dados desde janeiro, houve uma ligeira queda de 7,64% em relação ao mesmo período do ano passado. Diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), Ane Alencar explica que situação se dá pelo cenário de Roraima, que no ano passado teve “um pico de fogo muito anômalo”. De fato, foi o ano com mais número de focos de incêndio na série histórica, desde 1998.
“Esse fato do ano passado está mascarando o que está acontecendo este ano no resto da Amazônia em relação ao aumento de queimadas”, disse. De acordo com ela, de julho a setembro é quando o país mais observa incêndios no bioma - com exceção de Roraima, estado que queima mais no início do ano.
Ane afirma que quanto mais desmatamento, mais queimada. Dados do Inpe mostraram que houve um aumento da degradação na Amazônia Legal de 64%, observando agosto de 2019 a junho deste ano em comparação ao mesmo período anterior. “A área desmatada é posteriormente queimada. Quando mais desmatamento, mais fogo. Tinha que ser feito um combate ao desmatamento primeiro, porque o fogo é consequência”, disse.
Governo federal
No último dia 10, o governo estendeu a presença das Forças Armadas na Amazônia Legal até 6 de novembro, por meio de um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). A ação foi uma resposta do vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB), presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal, às cobranças de empresários e investidores, que apontam riscos de sanções a produtos brasileiros devido ao cenário de descontrole ambiental.
Em meio a isso, o presidente Jair Bolsonaro continua com o discurso do passado. No último dia 23, em transmissão ao vivo pelas redes sociais, Bolsonaro minimizou o cenário de desmatamento e queimadas, dizendo que “a Amazônia não pega fogo”. “A floresta não pega fogo. É uma campanha maldosa contra o Brasil o tempo todo, porque isso tem a ver com economia”, afirmou.