O ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, disse ontem que não cabe ao governo federal executar ou se pronunciar sobre medidas de distanciamento social durante a pandemia. O general havia sido questionado, em entrevista à imprensa em Curitiba, sobre alerta feito por um comitê da Saúde, de que, sem isolamento, efeitos da pandemia devem durar até dois anos. “Não cabe ao ministro executar essa ou aquela medida de distanciamento social. Ou me pronunciar sobre ação do gestor. O gestor é que, por lei, tem essa obrigação. Nessa linha, seria um pronunciamento praticamente político, e não é da minha linha”, disse Pazuello.
Em reunião no fim de maio do Centro de Operações de Emergência (COE) sobre a covid-19 do ministério, técnicos afirmaram que levaria de 1 a 2 anos para “controlarmos a situação”, sem medidas de distanciamento. Nesta data, Pazuello já era ministro interino da Saúde. “Sem intervenção, esgotamos UTIs, os picos vão aumentar descontroladamente, levando insegurança à população que vai se recolher mesmo com tudo funcionando, o que geraria um desgaste maior ou igual ao isolamento na economia”, informa ata da reunião, obtida pelo Estadão.
O presidente Jair Bolsonaro entrou em conflito com dois ministros da Saúde durante a pandemia por divergências, entre outros pontos, sobre a adoção de quarentenas. Sob a gestão de Pazuello, técnicos do ministério deixaram de ressaltar o benefício do distanciamento social. Questionado em 1º de julho se a aceleração de casos no país tem relação com a flexibilização de quarentenas, o secretário de Vigilância em Saúde, Arnaldo Correia, esquivou-se. “Não posso afirmar que este aumento tem relação direta com a decisão do gestor local.”
Não cabe ao ministro executar essa ou aquela medida de distanciamento social. Ou me pronunciar sobre ação do gestor. O gestor é que, por lei, tem essa obrigação. Nessa linha, seria um pronunciamento praticamente político, e não é da minha linha”
Eduardo Pazuello, ministro interino da Saúde