O emblemático cacique Raoni Metuktire, de 90 anos, se encontra "estável" após receber uma transfusão de sangue em um hospital do Mato Grosso, onde permanece internado, informou neste domingo (19/7) seu instituto.
O chefe da etnia Kayapó está hospitalizado desde quinta-feira, quando foi levado de sua aldeia para um hospital com sintomas de fraqueza, falta de ar, falta de apetite e diarreia.
"O cacique apresenta um quadro estável, depois de ter recebido uma transfusão de sangue", e exames estão sendo feitos para determinar a natureza do "sangramento digestivo", suspeito de estar provocando o mal-estar, informou neste domingo o Instituto Raoni.
Os testes de detecção da COVID-19 realizados em Raoni deram negativo, havia informado o hospital da pequena cidade de Colíder, a 630 km de Cuiabá, para onde o cacique foi levado inicialmente.
Após um agravamento de seu quadro no sábado -com alta em sua anemia e uma degradação das funções renais-, Raoni foi transferido para um hospital de Sinop, com melhor infraestrutura para exames e unidade de tratamento intensivo, como precaução para uma eventual piora do estado clínico.
Morte da esposa
Os sintomas do líder indígena apareceram pela primeira vez após a morte da esposa, Bekwyjka, no fim de junho.
O falecimento da esposa, que esteve ao seu lado por mais de seis décadas e foi vítima de um derrame cerebral, deixaram Raoni emocionalmente fragilizado, de acordo com relatos familiares à ONG francesa Planète Amazone, que coordena a campanha internacional do cacique.
Representante idígena
Famoso pelos coloridos cocares de plumas e o grande disco inserido no lábio inferior, Raoni viajou o mundo nas últimas décadas para aumentar a consciência sobre a ameaça que a destruição da Amazônia representa para os povos indígenas.
Desde que o presidente Jair Bolsonoro assumiu o poder, em janeiro de 2019, Raoni redobrou as denúncias de ataques contra os povos nativos do Brasil.
Pandemia
Em entrevista recente concedida à AFP, Raoni afirmou que Bolsonaro quer "se aproveitar" da pandemia para impulsionar projetos que ameaçam os povos indígenas, que têm um histórico de vulnerabilidade a doenças externas.
Saiba Mais
Outro líder indígena emblemático do país, o chefe Paulinho Paiakan, morreu em junho depois de ser contaminado pela COVID-19.