Italiano radicado no Brasil, o arquiteto Gian Carlo Gasperini morreu aos 93 anos na quarta-feira, 15, em São Paulo. Ele assina alguns dos projetos arquitetônicos e urbanÃsticos mais icônicos da capital paulista, como os da Galeria Metrópole, na República, do EdifÃcio Pauliceia, na Avenida Paulista, do Parque da Juventude e da Biblioteca São Paulo, criados na área do antigo Complexo do Carandiru, e do primeiro shopping da cidade, o Iguatemi, de 1966.
Segundo o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR), Gasperini estava internado há dois no Hospital Albert Einstein, com um quadro de pneumonia. O arquiteto nasceu em Castellammare di Stabia, em Nápoles, mas se mudou para o Brasil logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1947, concluindo a graduação em Arquitetura e Urbanismo dois anos depois na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Entre outras obras importantes, estão a sede do Tribunal de Contas do MunicÃpio de São Paulo (TCM-SP), o EdifÃcio Tutóia (sede da IBM) e o antigo Credicard Hall. Fora da capital, assinou os projetos do EdifÃcio Peugeot, em Buenos Aires, idealizado como a maior torre de escritórios da América do Sul, e do Auditório Campos do Jordão, na cidade homônima, dentre outros.
Grande parte dos seus projetos foram assinados pelo escritório Aflalo & Gasperini Arquitetos, fundado há mais de 50 anos. Ao longo de décadas, fez parcerias com outros nomes importantes da área, como Rodrigo Aflalo, Jacques Pilon e Salvador Candia. Gasperini também foi professor na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP), na qual concluiu mestrado e doutorado.
A morte do arquiteto foi lamentada por entidades e profissionais da área. "Exemplo de profissional, nos deixa belos projetos e grandes lições", diz nota divulgada pela Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (AsBea). "Ele aliou a produção arquitetônica de alto nÃvel com o entusiasmo na formação de diversas gerações de arquitetos", descreve Luciano Guimarães, presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR), em comunicado.
'Senhor dos grandes prédios' de São Paulo
Em entrevista ao 'Estadão', em 2009, Gasperini chegou a ser chamado de um dos "senhores dos grandes prédios" da capital paulista. "Nossos prédios têm uma lógica própria, com ênfase na parte estrutural e uma composição arquitetônica clara, limpa, sem extravagância, sem modismos. Essa é a nossa plataforma. E isso fez com que o escritório se destacasse entre os demais, tornando-se um dos maiores em atividade hoje em dia", disse na ocasião.
Ele também explicou sobre a escolha profissional. "Resolvi ser arquiteto porque nós estávamos completamente na merda depois da guerra. Todas as profissões eram terrivelmente desacreditadas. Então eu via duas opções: ou a medicina, que era do meu pai, ou as artes. De repente, comecei a me dedicar às artes. E, então, acabei entrando em arquitetura."