Ainda sem apresentar uma queda sustentada nos registros de novos casos do novo coronavírus, o Brasil iniciou a 29ª semana epidemiológica com a reabertura de serviços e retomada de atividades em diversos estados. Especialistas alertam que esta é uma fase crucial, pois uma liberação descontrolada pode acarretar um aumento de casos, ainda observado em três regiões do Brasil. Enquanto o registro de infecções caiu no Norte e Nordeste, as confirmações de casos no Centro-Oeste, Sudeste e Sul subiram da 27ª semana epidemiológica para a 28ª, encerrada no último sábado.
São precisamente as regiões com casos em alta que precisam executar um bom planejamento a fim de evitar uma explosão de infecções com a reabertura. O professor do Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) Eliseu Alves Waldman reforça a necessidade de uma estratégia bem definida. “O primeiro passo que o estado tem de dar é elaborar um plano consistente. Outra coisa fundamental são os protocolos nas diferentes áreas de atividades, já que cada uma tem peculiaridades”, explica o epidemiologista.
Em São Paulo, o governo estadual adota o Plano São Paulo desde 1º de junho. Ontem, a capital paulista e outros municípios que também se encontram na fase amarela ficaram autorizados a reabrir parques e academias. O governador João Doria (PSDB) reforçou que a abertura é feita seguindo um rigoroso protocolo e afirmou que a saúde é quem orienta as atitudes do estado. “Não há pressão de nenhuma espécie, nem política, nem econômica, nem institucional, nem social, que nos faça retroceder. O que orienta todas as atitudes de São Paulo é a saúde. Vamos seguir o Plano São Paulo conforme está estabelecido e amparado pelo Centro de Contingência da covid-19”, disse o governador.
Apesar da região Sudeste ter registrado um aumento de 6.114 casos de uma semana para a outra, o governo paulista anunciou que o número de óbitos caiu pela terceira semana consecutiva. “Houve uma diminuição de 27 óbitos na semana que se encerrou no último sábado em relação à semana anterior. De 1.733 mortes, baixamos para 1.706 óbitos”, afirmou Doria.
No Centro-Oeste, Sudeste e Sul, a situação é diferente. O epidemiologista Eliseu Waldman afirma que muitos estados “estão em uma condição difícil”. Mesmo assim, continuam com o plano de retomada das atividades. É o caso do Distrito Federal, que mesmo após registrar um aumento de 23% no número de casos da 26ª para a 27ª semana, segue o cronograma de abertura. Academias e salões de beleza já funcionam, e amanhã está previsto o retorno dos serviços de bares e restaurantes. As escolas da rede privada devem retornar em 27 de julho. (leia mais sobre o Distrito Federal na página 15).
Em Santa Catarina, a taxa de ocupação dos leitos de UTI, que até ontem era de 71,7%, preocupa e justifica a decisão de ampliação das medidas de isolamento. Por meio de decreto, o governador do estado Carlos Moisés (PSL) proibiu eventos e competições esportivas, o funcionamento de cinemas, teatros, casas noturnas, museus pelas próximas duas semanas. Desde a semana passada, essas atividades eram reguladas conforme decisão dos prefeitos das cidades. Com o decreto do governador, ficam suspensas em todo o estado.
O movimento de “abre e fecha” em diferentes regiões do país pode mudar a trajetória do novo coronavírus no Brasil. Waldman reforça a importância das medidas de restrição e de higiene pessoal, grandes aliadas neste período. “De uma maneira geral, todo o país deve usar a máscara, essa é nossa realidade de hoje.
*Estagiária sob supervisão de Carlos Alexandre de Souza