Brasil

Devastação na Amazônia Legal tem aumento de 64%, mostram dados do Inpe

Foram 7.540km² de desmatamento ante 4.589km² entre agosto de 2018 e junho de 2019

Correio Braziliense
postado em 11/07/2020 07:00
Degradação na Amazônia cresceu 64% de agosto de 2019 a junho últimoPor mais que o governo diga aos gestores internacionais e presidentes de grandes empresas que está preservando o meio ambiente, os números não mentem. O desmatamento continua em disparada. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados ontem, apontam que a degradação na Amazônia Legal aumentou 64% de agosto de 2019 a junho de 2020. Foram 7.540km² de desmatamento ante 4.589km² entre agosto de 2018 e junho de 2019.

Segundo o sistema Deter, do Inpe, apenas em junho, houve alertas de desmatamento em uma área de 1.034km², aumento de 11% em relação ao mesmo mês do ano passado (935km²). Foi o pior mês desde 2007. Em 2020, de 1º de janeiro a 30 de junho, 3.070km² de floresta foram desmatados, 26% a mais do que o mesmo período do ano passado. Os números referem-se aos 11.822 alertas de desmatamento no primeiro semestre.

Gestores internacionais e empresários têm cobrado do governo medidas mais eficazes de combate ao desmatamento e, apesar do discurso do vice-presidente Hamilton Mourão, coordenador do Conselho da Amazônia, o que os investidores querem é ver os números da devastação caírem, e não continuarem a bater recordes. Para os ambientalistas, nem mesmo a moratória de 120 dias, proibindo incêndios na Amazônia e no Pantanal, será capaz de reduzir o desmatamento. “Mesmo que não se queime nenhum metro quadrado na atual temporada de fogo que vai até setembro, como espera Mourão, o maior estrago já foi feito”, disse o diretor de Conservação e Restauração do WWF-Brasil, Edegar Rosa.

“Mitigar e reverter os danos causados por essa política antiambiental à floresta e à imagem do país exigirá muito mais. Precisamos de resultados concretos, e, para isso, será necessário um plano robusto para conter tamanha destruição. A começar por ações de comando e controle em caráter permanente e executadas por órgãos competentes e bem aparelhados. Esse é um caminho, já conhecido, que este governo insiste em ignorar”, afirmou Cristiane Mazzetti, da campanha de Amazônia do Greenpeace. “Os números crescentes estampam a verdade, se enganam aqueles que aceitarem o que foi apresentado pelo governo como uma garantia de mudança.”

“Enquanto o Planalto se esforça para tentar enganar o mundo de que preserva a Amazônia, a realidade dos números revela que o governo Bolsonaro está colaborando na destruição da maior floresta tropical do planeta”, ressaltou Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima. “Sob Bolsonaro, vivemos o pior momento da agenda ambiental de nosso país.”

O Deter apontou a tendência da taxa oficial de desmatamento, mesmo sem o último mês do chamado “ano fiscal do desmatamento”, medido entre os meses de agosto e julho. A área com alertas já soma 7.540km² e é o maior acumulado para o período fiscal desde 2008. Portanto, a taxa oficial do desmatamento, que ultrapassou os 10 mil km² em 2019, tende a bater novo recorde em 2020.

Campeões da degradação

O desmatamento ocorreu em toda a Amazônia Legal, mas foi pior nos seguintes locais:

Estados

Pará     1.212km²
Mato Grosso     715km²
Amazonas     539km²

Municípios

Altamira (PA)     351km²
São Félix do Xingu (PA)     201km²
Apuí (AM)     155km²

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