A automedicação pode trazer consequências graves para a saúde do paciente. De acordo com o Sindicato de Trabalhadores em Farmácias, Drogarias, Perfumarias e Similares do Distrito Federal (Sintrafarma-DF), os medicamentos cloroquina, hidroxicloroquina e ivermectina eram vendidos sem necessidade de receita, mas, devido à pandemia, a prescrição médica passou a ser exigida. “Infelizmente, nem toda farmácia tem acesso a um farmacêutico, porque é caro. Quem é balconista e caixa do estabelecimento fica refém e acaba vendendo os remédios sem o pedido médico. Somos contrários à automedicação dessas composições e de outras, mas não tem como fiscalizar”, alerta José Alves, presidente da entidade.
A infectologista Ana Helena Germóglio, do Hospital de Águas Claras, destaca que, mesmo sem comprovação científica da eficácia desses remédios, os profissionais da saúde são livres para prescrevê-los e devem arcar com as consequências. “Qualquer medicamento usado com ou sem pedido médico pode ter efeitos colaterais”, explica.
Farmacêutico clínico do Hospital Anchieta, Vinícius Costa afirma que a automedicação pode mascarar os sinais de algo mais grave. “Algumas medicações podem causar reações adversas em doses normais, imagine sem a orientação de um médico, quando o paciente pode tomar qualquer dosagem. A cloroquina e a azitromicina, por exemplo, podem causar arritmia cardíaca. A ivermectina pode causar tortura e urticária”, diz o especialista.
A psicóloga Roberta Castelo Branco, 34 anos, e o marido, o bombeiro Lauro Castelo Branco, 45, foram diagnosticados com a covid-19, em junho. Antes mesmo de consultar um médico, eles decidiram comprar a ivermectina — remédio usado para tratamento de verme, parasita e ácaro. Só depois, procuraram um médico, amigo da família, para saber a dosagem certa. “Percebi uma grande melhora no outro dia. Me deu mais energia. Fiquei melhor mais rápido”, conta Roberta.
Após obter resultado satisfatório, a psicóloga deu o remédio também aos filhos Miguel, 16, e Lara, 10, como medida preventiva ao coronavírus. Ela ressalta que o medo da evolução da doença leva muita gente a se automedicar e que há vários conteúdos na internet referentes às medicações. “Eu mesma assisti a lives e vídeos com vários médicos falando sobre o protocolo de medicação em caso de suspeita da covid-19”, completa.