Brasil

Universidade inglesa prevê 8,2 mil mortes por covid no Brasil esta semana

Pesquisa do Imperial College de Londres prevê um aumento inédito de fatalidades nesta semana. País registrou 1.254 vidas perdidas por causa da covid-19 em 24 horas, totalizando 66.741 óbitos, além de um acréscimo de 45.305 novos casos

No dia em que o presidente da República, Jair Bolsonaro, confirmou estar infectado com a covid-19, o Brasil registrou mais 45.305 casos e 1.254 mortes pelo novo coronavírus. No total, são 1.668.589 diagnósticos positivos e 66.741 vidas perdidas. O balanço diário do Ministério da Saúde, por si só, mostra que o novo vírus não dá trégua ao Brasil, o que é reforçado por pesquisas que confirmam que o país ainda está longe do fim da pandemia. Pelas novas análises do Imperial College de Londres, o Brasil deve registrar mais 8,2 mil perdas esta semana. Com a margem de erro entre 7,5 mil e 8,6 mil mortes, caso a estimativa da pesquisa internacional se concretize, seria o maior acumulado de fatalidades do mundo e o mais alto já registrado no histórico da pandemia brasileira. Até ontem, a 28ª semana epidemiológica somava 2.476 mortes.


O número crescente de registros diários no país também tem chamado a atenção de autoridades da saúde ao redor do mundo. Ontem, a diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Carissa Etienne, disse que as atualizações de casos da covid-19 do Brasil têm feito com que o país lidere e puxe a curva das Américas, considerada atualmente o epicentro da pandemia. “Dois meses atrás, os Estados Unidos representavam 75% dos casos em nossa região. Na semana passada, registraram menos da metade dos casos na região, enquanto a América Latina e o Caribe registraram mais de 50% dos casos. Sozinho, o Brasil foi responsável por cerca de um quarto deles”, afirmou em coletiva.


O crescimento da curva é notado no balanço dos estados. Desde que as regras de isolamento e distanciamento sociais foram flexibilizadas em meio à pandemia, capitais brasileiras viram seus índices de infecções aumentarem. Metade das unidades federativas (13) já bateu a marca de mil óbitos; outras estão próximas de atingi-la.


São Paulo atingiu, ontem, 332.708 casos e 16.475 mortes em decorrência do coronavírus. O governo paulista estima que o estado possa ter, em 15 de julho, até 23 mil mortes e 470 mil casos da doença. O interior já responde por 70,8% dos novos casos da covid-19 registrados no estado de São Paulo. O Rio de Janeiro, outro estado bastante afetado pela pandemia, registrou, ontem, o total de 10.881 mortos e 124.086 infectados. O segundo estado mais afetado em números absolutos de casos, após SP, é o Ceará, que, no fim de semana, ultrapassou o Rio em total de infectados. São 124.952 casos confirmados. A quantidade de mortes, porém, é menor, 6.556 pessoas. 
Pernambuco e Pará têm mais de 5 mil perdas cada, com 5.234 e 5.128 registros, respectivamente. Os outros oito estados com mais de mil fatalidades são: Amazonas (2.952), Maranhão (2.286), Bahia (2.216), Espírito Santo (1.880), Rio Grande do Norte (1.291), Minas Gerais (1.282), Alagoas (1.192) e Paraíba (1.145). 
 

Transmissão

A nova análise do Imperial College de Londres apontou, ainda, que o Brasil sofreu um retrocesso e aumentou a Rt para 1,11, ou seja, cada grupo de cem pessoas infectadas transmite o vírus para outras 111. Na semana passada, o país chegou perto de atingir níveis considerados controlados da transmissão, Taxas acima de 1 significam que a disseminação da covid-19 no país está descontrolada, não sendo possível rastrear com precisão o caminho do vírus. Com a atualização, o Brasil se mantém pela 11ª semana na lista de países com transmissão ativa.

 


O Imperial College de Londres estima, ainda, a taxa de subnotificação dos 55 países avaliados. Segundo o estudo, o Brasil reporta 43,9% dos casos, o que representa uma melhora gradual ao longo das semanas. No balanço anterior, o índice estava em 36,3%. Em relação ao início de abril, o avanço foi significativo, já que, à época, o país só registrava 10,4% das infecções.


Para o cálculo, os pesquisadores consideram o número de mortes reportados como sendo um dado fiel e levam em conta os registros de óbitos de duas semanas anteriores e de casos dos 10 dias anteriores. Quanto maior a discrepância entre a taxa de mortalidade divulgada e a estimada, maior o grau de subnotificação.