O dramaturgo, roteirista e escritor paulistano Antonio Bivar morreu aos 81 anos, ontem, em decorrência da covid-19. Ele estava internado havia duas semanas no Hospital Sancta Maggiore, em São Paulo, e sofreu complicações respiratórias. Bivar faz parte dos mais de 64,9 mil brasileiros mortos pelo novo coronavírus. A doença também vitimou o escritor Sérgio Sant’Anna e o compositor Aldir Blanc.
Perseguido durante a ditadura militar, Bivar foi um ícone da contracultura brasileira e exilou-se em Londres, na década de 1970. Na Inglaterra, conviveu com Caetano Veloso, Gilberto Gil, Jorge Mautner, Leilah Assumpção e outros brasileiros na mesma situação. Depois de voltar ao Brasil, atuou como diretor musical de shows de artistas como Maria Bethânia e Rita Lee.
O período que passou na Europa está registrado na obra autobiográfica Verdes vales do fim do mundo. Bivar escreveu mais de 10 livros ao longo da carreira, entre contos, romances, ensaios, biografias e memórias. O quinto volume da autobiografia, intitulado Perseverança, foi publicado em setembro do ano passado.
O primeiro, Mundo adentro vida afora, sobre os 30 primeiros anos de vida, saiu em 2014. No livro, ele conta sobre a infância na capital paulista, em fazendas do interior de São Paulo e nos anos em que viveu em Ribeirão Preto. Bivar foi para o Rio de Janeiro na década de 1960, para estudar artes cênicas, e formou-se pelo Conservatório Nacional de Teatro.
Além de ter escrito clássicos do teatro nacional, como Cordélia Brasil e Alzira Power, Bivar organizou, em 1982, o festival de música Começo do Fim do Mundo, marco do movimento punk no país. O evento, no Sesc Pompeia, em São Paulo, contou com bandas de destaque, como Inocentes, Olho Seco, Cólera e Ratos de Porão.