Brasil

Mais uma vacina em teste

Anvisa autoriza realização, no Brasil, da fase final de estudos sobre eficácia de medicamento de laboratório chinês para prevenir covid-19

 
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou, ontem, quando o Brasil ultrapassou 64 mil mortes pelo novo coronavírus, a condução de testes para uma possível vacina contra a covid-19. O Instituto Butantan, em São Paulo, passará a participar da terceira fase dos estudos clínicos desenvolvidos pelo laboratório chinês Sinovac, última etapa de análise de segurança e eficácia da imunização contra a doença.

Os testes feitos nas duas fases anteriores, em adultos saudáveis e em animais, mostram resultados “favoráveis” com duas doses da vacina. A terceira etapa é a final, antes da liberação para uso em humanos. “Significa que vários resultados de estudos anteriores já foram submetidos para a Anvisa, para mostrar que essa vacina é segura e é promissora para ser levada à fase três”, explicou o gerente-geral de medicamentos da agência, Gustavo Mendes, em vídeo.  

O objetivo, agora, é confirmar os resultados obtidos, se a vacina é capaz de prevenir a infecção, por quanto tempo e com qual dose. Além disso, os estudos precisam avaliar novamente os possíveis efeitos adversos. “Quando a gente expõe uma população maior, quer saber se esse perfil de segurança se mantém”, disse Mendes. Ele lembrou que é comum que apareçam reações como febres ou outras que podem até inviabilizar o uso da vacina.

“Tudo isso precisa ser estudado agora, antes que a gente possa dizer que essa vacina realmente vai servir para imunizar as pessoas da covid”, afirmou o representante da Anvisa. A produção será testada em 12 centros de pesquisa no país, com a ajuda de 9 mil voluntários, em São Paulo, no Rio Grande do Sul, em Minas Gerais, no Paraná e no Distrito Federal. A Universidade de Brasília (UnB) será responsável pela realização dos testes em Brasília.

Vacinas
O teste da Sinovac é o segundo de vacina contra o novo coronavírus autorizado pela Anvisa. Em 2 de junho, a agência permitiu o ensaio clínico de outra, em estágio mais avançado, desenvolvida pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, em parceria com a farmacêutica AstraZeneca. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera os estudos da segunda os mais promissores até o momento.

A produção chinesa conta com o apoio do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), ex-aliado e atual rival do presidente Jair Bolsonaro. O Planalto, entretanto, aposta na versão de Oxford. O Ministério da Saúde já anunciou parceria para produção de 30,4 milhões de doses da vacina britânica em dezembro e em janeiro, caso os testes tenham os resultados esperados, além de 70 milhões nos meses subsequentes.

Números
Com 1.091 mortes registradas em 24 horas, o Brasil chegou a 64.265 óbitos pelo novo coronavírus, ontem, de acordo com o balanço mais recente do Ministério da Saúde, divulgado às 18h30. O país tem 1.577.004 casos confirmados da doença, 37.923 diagnosticados em um dia. O Brasil mantém-se como o segundo país no mundo em número de casos e óbitos, atrás, apenas, dos Estados Unidos, que contabilizam 2,8 milhões de casos e 129,6 mil mortes.