A meta é de R$ 12 mil, dos quais R$ 8,4 mil foram arrecadados através de 60 doações recebidas até o momento. Há uma semana, o coletivo distribuiu as primeiras 30 bolsas no mesmo valor. A renda da ação inicial foi obtida através da participação da idealizadora, Lua Stabile, em um projeto da Outright – organização estadunidense de promoção dos direitos LGBTIs.
“Essa organização, sediada em Nova York, é reconhecida pela ONU [Organização das Nações Unidas] e já tinha feito a seleção para subsidiar projetos que lutam pelos direitos LGBTIs em todo o mundo. Como para nós esse dinheiro chegou em meio à pandemia, decidimos aplicá-lo oferecendo os auxílios”, explica.
Durante o mês de junho, o coletivo recebeu outros apoios que também servirão de aporte pecuniário para as pessoas cadastradas. “Por causa do mês do orgulho, muitas empresas fizeram lives e arrecadaram fundos que serão doados para nós. Vamos ter um balanço disso até a próxima semana”, comenta a coordenadora da ação.
Vulnerabilidade
Stabile conta que percebeu uma deterioração no cenário socioeconômico para pessoas trans após o início do isolamento social. “Para quem já estava vulnerável antes, a situação piora quando a crise chega. A maioria trabalha no mercado informal, é autônoma, atua no setor cultural ou na prostituição. Todos esses mercados foram muitos afetados pela covid, mesmo que indiretamente”, comenta.
Ela explica ainda que há muitos relatos de dificuldades para acessar o auxílio socioeconômico do Governo Federal. “Algumas pessoas não conseguiram por dificuldades de acesso à informação, que é uma realidade. Para outras, o problema foi no processo de cadastro mesmo. Como pessoas trans mudam de nome, o sistema do auxílio apontou uma inconsistência no cadastro e muitas tiveram o benefício negado”, relata.
Mesmo fora da pandemia, transexuais e travestis estão entre os grupos de maior vulnerabilidade socioeconômica do país, como constatou reportagem especial publicada pelo Correio.
Mais de 100 inscritos
Na primeira rodada de distribuição de recursos, o Tcolettive divulgou um formulário do qual extraiu uma avaliação socioeconômica. “Selecionamos as pessoas cujos dados apontavam maior urgência e vamos continuar seguindo a lista de prioridades de 30 em 30, quando não houver mais pessoas, voltamos para os primeiros beneficiados”, explica.
Esse mesmo levantamento deve subsidiar um relatório sobre a situação de transexuais e travestis no Distrito Federal durante a pandemia. O estudo será publicado no fim da ação. A prestação de contas para os doadores será feita via redes sociais.
Funcionamento
O grupo tem 11 integrantes, seis pessoas trans que compõe a coordenação e cinco voluntários cis gênero, que auxiliam nas demandas do projeto. O contato com o público alvo é feito principalmente pelo Instagram.
Além da distribuição de dinheiro, a ideia é montar também um sistema de auxílio psicossocial, jurídico e ambulatorial por meio de trabalho voluntário. Até agora, uma advogada, uma psicóloga e uma médica participam da ação. Os voluntários também auxiliam com orientações sobre atendimento médico e programas do governo a quem procura pelas redes sociais.
Saiba Mais
Participe
É possível contribuir com qualquer valor pela página do Tcolletive no site Vakinha. As doações podem ser pagas por boleto ou cartão de crédito, basta preencher um formulário disponibilizado pela plataforma.