Brasil

Embalagens de alimento terão nova sinalização no Brasil

Anvisa conduz processo de regularização do novo modelo de sinalização nas embalagens de alimentos


Em breve, as embalagens dos alimentos não serão mais como as conhecemos. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está conduzindo um processo para regularizar um novo modelo de sinalização nas embalagens de alimentos, com um aviso na frente do pacote. A ideia é que seja mais fácil para as pessoas saberem o que estão consumindo. O modelo escolhido pela agência é adotado no Canadá, que usa o desenho de lupas para sinalizar as informações nutricionais.  

Nesta segunda-feira, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) divulgou um dos estudos que embasou a decisão da Anvisa. A pesquisa, feita em parceria com a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e a Universidad de la República do Uruguai, tenta explicar qual é o melhor modelo para o Brasil. Segundo apurou, o uso de sinais familiares, geralmente usados como forma de alerta, tais como o octógono preto, triângulo preto e círculo vermelho, são os melhores para serem usados. Em relação à cor, o ideal é preto em embalagens coloridas. A lupa não foi o melhor sinal, segundo a pesquisa, mas não teve um desempenho ruim.

De acordo com a pesquisadora da Embrapa Agroindústria de Alimentos, Rosires Deliza, a principal conclusão é a dos benefícios da mudança. “Qualquer símbolo é melhor do que a tabela nutricional. A lupa não foi mal. Melhor do que está, hoje, não tenho dúvidas de que será”, afirma. “A gente começou o estudo investigando quais dentre aqueles alertas que usamos o  consumidor percebia mais rápido. Escolhemos produtos consumidos principalmente pelas crianças e determinamos quanto tempo demorava para perceber os alertas, como ‘alto em açúcar’ e ‘alto em gordura’”, explica a pesquisadora. 



Outro estudo, feito pela Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), comparou os modelos de rotulagem nutricionais frontais. Os dados indicaram que cerca de 80% dos participantes conseguiram identificar corretamente qual era o alimento mais saudável, a partir dos rótulos de advertência em formato de triângulos. Já com o modelo de lupa, escolhido pela Anvisa, apenas 64% conseguiram responder corretamente.

Segundo a nutricionista Catarine Camargo, a mudança será muito benéfica e é um grande avanço para a sociedade. “As informações nutricionais precisam ser acessíveis a todos os públicos, muitas pessoas sofrem de doenças crônicas, como diabetes, e precisam saber se podem comer aquele alimento ou não”, explica. “Do jeito que é hoje, a linguagem é difícil para quem não teve uma educação avançada, as letras são pequenas”, ressalta.