Com as atividades presenciais suspensas desde meados de março devido à pandemia do novo coronavírus, escolas e faculdades começam a planejar a volta às aulas no Brasil. São Paulo saiu na frente. Ontem, o governador João Doria anunciou que a retomada das aulas presenciais na rede de ensino do estado paulista está programada para 8 de setembro, em sistema de rodízio.
Segundo Doria, a medida afeta 13,3 milhões de alunos, das redes pública e privada, e contempla todas as etapas de ensino, do infantil ao universitário. Mas a volta dos estudantes será feita de forma gradual, com o escalonamento de aulas presenciais e remotas. Até 35% dos alunos poderão frequentar as escolas, respeitando o distanciamento de 1,5 metro, enquanto o restante ficará em casa, em aulas remotas e on-line. A ideia é que haja um revezamento entre os estudantes, a ser definido por cada instituição.
A volta às aulas será de forma conjunta para todas as cidades do estado. Para isso, estima-se que na data marcada, 8 de setembro, todo o estado já esteja na fase amarela de flexibilização da economia há, pelo menos, 28 dias. A cor simboliza o terceiro nível da restrição de atividades não essenciais, abaixo do vermelho e do laranja, segundo o Plano São Paulo. Ao todo, são cinco fases, sendo completadas pela verde (abertura parcial) e pela azul (normal controlado).
Protocolo
Para auxiliar as tomadas de decisões das secretarias estaduais e municipais de educação por todo o país, o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep) produziram protocolos com recomendações de medidas de segurança e higiene a serem adotadas na volta às aulas presenciais.
Secretário de Educação da Paraíba e um dos coordenadores do protocolo elaborado pelo Consed, Cláudio Furtado defende que a reabertura das escolas deve ser regionalizada, com base na situação sanitária de cada unidade federativa e município em relação à covid-19. “A data (de retomada das aulas presenciais) vai depender muito da situação de cada estado, porque tem de ver o plano de volta do estado, entender qual ponto da curva em relação à pandemia o estado está, se já começam a voltar atividades econômicas, para depois voltarem as aulas nas escolas.”
Sem previsão
Para Álvaro Domingues, presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinepe-DF), os estados nos quais a gestão consolidou um plano de controle da covid-19, com protocolo de profilaxia e cronograma de retorno dos setores da economia, tendem a colher os frutos mais cedo. “No início de abril, tanto o protocolo de profilaxia quanto o cronograma de retorno de todos os setores seriam feitos pelo GDF, mas isso não aconteceu. Brasília está sem planejamento”, lamenta.
Segundo Domingues, o Sinepe-DF apresentará hoje uma sugestão de cronograma para Brasília. Um levantamento da Federação Nacional de Escolas Particulares (Fenep) mostra que apenas 10 unidades federativas têm propostas de calendário para a volta das atividades presenciais ligadas à educação.
“A data (de retomada das aulas presenciais) vai depender muito da situação de cada estado”
Cláudio Furtado, secretário de Educação da Paraíba e um dos coordenadores do protocolo elaborado pelo Consed