Correio Braziliense
postado em 23/06/2020 13:45
A pandemia do novo coronavírus obrigou a suspensão de aulas presenciais em escolas por todo o mundo, o que agravou as desigualdades entre os estudantes. Antes mesmo da crise gerada pela covid-19, a pobreza havia excluído 258 milhões de crianças e jovens da educação em 2018, segundo o Relatório de Monitoramento Global da Educação 2020, da Unesco, divulgado nesta terça-feira (23/6). Com a pandemia, a desigualdade entre os estudantes se agravou. Esse número equivale a 17% de todas as crianças em idade escolar dos 209 países monitorados pela Unesco. A maioria delas são da Ásia meridional e central e da África subsaariana. Durante o isolamento social imposto pela pandemia, cerca de 40% dos países mais pobres (de renda baixa e média-baixa) não garantem aos alunos de menor renda, negros e deficientes o básico para a aprendizagem à distância, como acesso a dispositivos tecnológicos ou a adequação das aulas às deficiências.
Nesses países de renda baixa e média, os estudantes de famílias mais ricas apresentaram uma probabilidade três vezes maior de concluir o primeiro nível da educação secundária do que aqueles das famílias mais pobres. O relatório mostra ainda que 9% dos países da América Latina e do Caribe não têm apoiado os estudantes mais vulneráveis nesse momento de pandemia.
No mundo, 1 em cada 4 estudantes de 15 anos diz que se sente excluído da escola. Problema que afeta especialmente as meninas, as crianças com deficiências, os imigrantes e as minorias étnicas. "As lições do passado – como com o ebola – demonstraram que as crises sanitárias podem deixar muitos para trás, particularmente as meninas mais pobres, muitas das quais nunca voltarão à escola", escreveu a diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay.
Para se ter noção dos desafios impostos na democratização do acesso à educação básica no mundo, 117 países ainda permitem o casamento infantil e 20 nações não ratificaram uma convenção internacional que proíbe o trabalho infantil. Dados do relatório da Unesco apontam que quase nenhuma menina da zona rural de 20 países pobres, principalmente na África subsaariana, completou o ensino médio.
As minorias sociais, como imigrantes e adolescentes LGBT também apresentam probabilidades menores de desenvolvimento educacional pela segregação educacional e por não se sentirem seguros nas instituições de ensino. Outra parcela dos estudantes que requer políticas de inclusão são os com deficiência. O relatório da Unesco mostra que, em âmbito mundial, as escolas têm mais interesse em obter acesso à internet do que atender estudantes com deficiências.
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