Brasil

Automedicação contra o coronavírus

A Pnad Covid-19 mostra, também, que mais da metade das pessoas que apresentou sintomas da covid-19 e não procurou atendimento médico –– se automedicou. Além disso, 82,4% ficaram em casa, 4,8% ligaram para algum profissional de saúde e 13,3% compraram ou tomaram remédio por orientação médica.

A sondagem do IBGE estima que, entre 24 a 30 de maio, 22,1 milhões de pessoas apresentavam pelo menos um dos sintomas do novo coronavírus. O número de pessoas que apresentou sintomas gripais –– que têm semelhanças com as da infecção pelo novo coronavírus –– é o menor desde o início da pesquisa: os resultados mostram que entre a primeira e quarta semana de maio, caiu de 26,8 milhões para 22,1 milhões o número de pessoas que relataram sinais de gripe.

A coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Maria Lucia Vieira, acredita que a redução de pessoas com sintomas pode ser um efeito do distanciamento social. “As medidas de isolamento fizeram com que pessoas acabem não se infectando, porque estão em suas casas. Por exemplo: quem tem filhos sabe que eles pegam gripe na creche e na escola, o que não ocorre com a suspensão das atividades”, explicou.

O sintoma mais frequente foi a dor de cabeça, informada por 10,2 milhões de pessoas na semana de 24 a 30 de maio. Em seguida veio nariz entupido, tosse e dor muscular. A dificuldade de respirar, sintoma mais grave da doença, foi apresenta por 1,4% das pessoas. Já a perda de olfato ou de paladar foi referida por 1,8% da população.

A pesquisa observou que na quarta semana de maio, 3,6 milhões de pessoas com sintomas de gripe procuraram atendimento médico em unidades da rede pública e privada de saúde. Mais de 80% desses atendimentos foram na rede pública. Desse total, 1,1 milhão foi a hospitais e 127 mil foram internadas. No entanto, 22,1 milhões relataram ao menos um dos 12 sintomas comuns a diversas gripes e que podem ocorrer na covid-19.

O levantamento mostrou, também, que 83,5% das pessoas com sintomas gripais não procuraram nenhum atendimento ou unidade de saúde. Entre as 18,4 milhões de pessoas que, apesar de terem tido algum sintoma, não procuraram hospitais ou postos de atendimento na semana de 24 a 30 de maio, 82,4% disseram ter ficado em casa; 58,6% tomaram remédio por conta própria; 13,3% se medicaram por orientação especializada; 4,8% ligaram para algum profissional de saúde e; 2,4% receberam visita de algum profissional de saúde do SUS.  (Com Vera Batista)

Fake news transforma vitamina C em panaceia
Pesquisa do Conselho Federal de Farmácia constatou que houve aumento na procura de medicamentos associados ao tratamento da covid-19 nos primeiros três meses do ano. A vitamina C, cujo “efeito preventivo” contra o vírus foi disseminado em correntes de fake news, foi a campeã em comercialização, com aumento de 180% nas vendas. O paracetamol subiu 77% nas vendas, na segunda posição, seguido pela hidroxicloroquina, com 67%. Por causa disso, os conselhos estaduais de Farmácia elaboraram a campanha “Não entre em pânico e, antes de usar qualquer medicamento, consulte o farmacêutico”.