Um dia depois de estender o período da quarentena em algumas cidades do interior do estado, o governo de São Paulo anunciou, ontem, um acordo entre a empresa farmacêutica chinesa Sinovac e o Instituto Butantã para realização de testes clínicos da vacina CoronaVac em voluntários brasileiros. Ao todo, nove mil brasileiros passarão pelos testes para comprovar a eficácia e segurança do medicamento, que é um dos 10 que estão na fase da testagem em humanos.
Além de permitir que o Butantan realize os testes, o acordo assinado prevê a transferência de tecnologia para o instituto brasileiro caso a vacina seja aprovada. Com isso, a instituição poderá produzir a medicação em larga escala. “Em um primeiro momento, a vacina poderá vir da China, que já tem a produção em grande escala, mas em um segundo momento será produzida pelo próprio Butantan”, indicou o diretor do instituto, Dimas Tadeu Covas.
Para o governador de São Paulo, João Doria, este é o maior benefício da parceria. “A vacina é das mais avançadas. Estudos indicam que estará disponível no primeiro semestre de 2021. Com ela, poderemos imunizar milhões de brasileiros”, indicou. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), 136 vacinas contra a covid-19 estão em desenvolvimento ao redor do mundo, mas somente uma dezena está na fase de testes em humanos.
A parceria prevê a testagem de nove mil voluntários no país, que deve começar no mês que vem. A vacina que será testada pelos brasileiros é composta pelo vírus inativado, ou seja, não contém vírus vivo, apenas fragmentos dele. Com a aplicação da dose, o sistema imunológico passaria a produzir anticorpos.
Produzida pela Sinovac, a CoronaVac foi administrada com sucesso em pessoas na China, durante as fases clínicas I e II. Antes, foi aprovada em testes realizados em macacos. A empresa, no entanto, buscava outros países para dar sequência à etapa final de pesquisas.
O Brasil participa também de outros ensaios clínicos. No início do mês, o país anunciou que testará a vacina contra a covid-19 produzida pela Universidade de Oxford. Ao todo, dois mil brasileiros participarão dos testes, que serão realizados com apoio do Ministério da Saúde. Em São Paulo, o Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) conduzirá as pesquisas. (MEC)